segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRÓNICAS do Fim-do-Mundo 9 - Sábado, dia 26 de Janeiro, Dia da Austrália

Fogo de Artifício na Ponte do porto de Sydney no Fim d'Ano de 2012


Talvez eu devesse já ter escrito sobre este assunto, porém, aquando das primeiras crónicas também não sabia o que sei hoje! Mas lá que devia ter começado por aqui... lá isso devia!

Sábado, dia 26 de Janeiro é o Dia da Austrália. Feriado nacional que, (cá é assim) pelo facto de calhar a um fim-de-semana, se goza na 2ª feira seguinte, para que ninguém se sinta prejudicado e para evitar as famosas “pontes”, tão do agrado dos portugueses! Assim, com as excepções do Dia de Natal e do Dia de Ano Novo, mais nenhum Feriado se goza no dia do calendário, mas na segunda-feira seguinte.

A Austrália é um país jovem, recente e com uma história que, comparada com a nossa, é de facto resumida!
Os primeiros europeus a chegar cá foram os portugueses, como não podia deixar de ser. Este tema ainda se discute muito e não é pacífico, porém, são cada vez maiores as evidências históricas desse facto.

Acontece que os navegadores portugueses da época, quando demandavam estas longínquas paragens já iam cansados, sem gente para colonizar, sem alimentos, sem água, sem tempo e sem disposição para mais lutas e conquistas.Não esqueçamos que, nesse tempo, interessante era a Índia. Passageiros e tripulação iam ficando pela Guiné, em Angola, Moçambique, Goa, Damão e Diu, finalmente em Macau e depois em Timor – já muito poucos! Não sobrava ninguém para as terras do sul – que é o que verdadeiramente significa etimologicamente a expressão Austrália!

E assim nos fomos deixando estar, até que holandeses, espanhóis e sobretudo ingleses se assenhorearam destas encantadoras paragens, mas tão cheias de perigos, terras pantanosas e pouco férteis, sem nenhum motivo que interessasse os apressados almirantes portugueses, certamente cobiçosos dos prósperos negócios das especiarias da Índia e concretamente mais interessados em regressar a solo pátrio.
Sydney foi a primeira colónia britânica a estabelecer-se neste continente e isso aconteceu há somente 225 anos! Fundada em 1788 por Arthur Phillip (Comodoro da Primeira Esquadra Britânica), foi então dado a Sydney o nome de Port Jackson.

Os primeiros colonos eram desterrados ingleses, condenados por crimes graves e que vinham sem remissão dos seus pecados. Ainda hoje é muito fácil encontrar-se quem recorde e enalteça os seus antepassados – ah, o meu bisavô veio para cá porque assassinou não sei quem e a minha avó era prostituta e foi expulsa de Inglaterra e conheceram-se cá e casaram! Ah, o meu tetravô era ladrão e veio cumprir pena de desterro perpétuo, depois casou cá e...

Estas estórias fizeram nascer um espírito muito curioso nesta gente – têm todos um imenso orgulho nos seus antepassados criminosos e os heróis da História da Austrália são, regra geral, criminosos, com estátuas e ruas e avenidas com os seus nomes inscritos na toponímia local. Eles têm verdadeiro fascínio por essas personalidades e a maior parte dos seus filmes e das suas canções tradicionais versam em torno destes temas e destes nomes, de que a cultura europeia se envergonharia e esconderia, mantendo com hipocrisia um passado sem mácula!

Aqui não, mas... (e atenção ao mas) – não há cá tolerância alguma para crimes e para bandidos fora-da-lei. A legislação existe, é para se cumprir e mesmo em termos de trânsito eles têm uma enorme preocupação em respeitar as regrazinhas todas. Talvez seja para “compensar” o passado e os antepassados!!!

Curiosamente existe um (bom) hábito que suponho seja exclusivo destas paragens e também da Nova Zelândia: há anualmente (de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro), um sistema de pontos negativos chamados de “demérito” que se vão atribuindo aos condutores prevaricadores – do género 1 ponto negartivo se se estaciona mal, 5 por excesso de velocidade, 3 por conduzir com excesso de alcool, 4 por ultrapassar com traço contínuo, etc. Há um período do ano em que os pontos de demérito são atribuídos a valer o dobro – que é na altura do Natal – de 15 a 31 de Dezembro. Ninguém pode exceder os 13 pontos. Para além da respectiva multa de trânsito, excedidos que sejam esses fatídicos pontos, fica-se sem carta por período a determinar pelo Tribunal e essas penas podem ir de um mês a um ano e até pior – ficar sem Carta para sempre!

Ora aqui está um exemplo de como esta rapaziada respeita a memória dos seus antepassados sem contudo lhes copiar o proveito...

Gosto verdadeiramente desta gente e adoro estar por cá! Não é difícil ninguém adaptar-se e ao contrário do que provavelmente acontece com outras comunidades portuguesas onde os nossos conterrâneos formam “ghettos” e se não integram, aqui, para meu espanto, todos se integram e acabam por se radicar sem uma especial saudade de Portugal, e sem uma natural vontade de regressar de férias. Quem vem... vem para ficar cá... ponto final! 

Suponho que os únicos que se não integram e que radicalizam as suas existências como sempre em bairros fechados e inexpugnáveis, são os chineses e mesmo assim, com brilhantes excepções – quase todos os que são provenientes de Xangai ou, sobretudo de Hong Kong, procuram integrar-se e fazer uma vida normal.
Todos os restantes orientais, indonésios, do Laos, Vietname, Coreias, Cambodja, Índia, Sri Lanka, etc. têm os seus restaurantes, os seus mercados, as suas empresas, os seus empregos, mas acabam por, de uma forma ou outra, misturar-se na corrente da multiculturalidade australiana.


Incêndios e Inundações

No Natal o calor aperta e sendo o pino do Verão, não imaginava que as temperaturas fossem tão díspares de um dia para outro. Na altura das nossas mudanças de casa, houve ali meia dúzia de dias em que as temperaturas máximas chegaram aos 44 e 45 graus centígrados. Houve mesmo um dia de Janeiro em que, em Liverpool – um bairro de Sydney – se chegou aos 53 graus, o que é mais de meio caminho para a água ferver!!!

Insuportável, mesmo para quem, como eu, nasceu em África e está habituado a grandes calores. Suportar isto sem ar condicionado era difícil e mais difícil a coisa se tornava ao ter de montar os móveis todos, adquiridos no Ikea... e com “instruções” à chinesa, i.e. em que a maior parte das coisas tinham de ser supostas e descobertas e refeitas depois de se ter feito disparate!

Mas... a verdade é que a escassez de dinheiro a isso obrigou.

Mas quero falar-vos de outra coisa – dos incêndios (a sul deste imenso continente) e das inundações a norte. Quando se fala da Austrália – talvez porque a configuração deste continente se assemelha a uma ilha, há a tendência dos amigos escreverem preocupados dizendo que apanharam um susto ao ouvir nas notícias sobre os incêndios, ou sobre as inundações. Bom... comparando, é como se alguém no Brasil telefonasse para Lisboa aflito porque ouviu falar de um ciclone em Moscovo! As cidades mais próximas de Sydney, são Newcastle (a 2 horas de carro), Brisbane (a 3 horas de avião), Melbourne (a 4 horas de avião) e por aí fora...

Fazer de Sydney a Perth (no lado oposto) são 10 dias de carro, ou 8 horas de avião a jacto!

Ilha – só no aspecto! A Austrália é tão ilha quanto o são a Europa ou a África!

O estado federal de New South Wales (Nova Gales do Sul), cuja capital é Sydney, corresponde ao tamanho somado de França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália! 

O estado a norte chama-se Queensland, a capital é Brisbane (a terra de onde fizeram carreira os famosos Bee Gees) e o tamanho desse estado corresponde ao somatório de França e Alemanha!

A sul de NSW está o estado de Vitória, cuja capital é a cidade da cultura – Melbourne – também enorme!
No sul houve e ainda há, grandes incêndios, quase todos provocados pelo calor, embora se não rejeite a hipótese criminal e no norte (em Queensland) cheias devido à intempérie Oswald que deixou desalojadas 41.000 famílias, onde os rios subiram para cima de 8 metros e nalguns locais o caudal foi de tal ordem que ultrapassou os 9 metros acima do curso normal, causando vítimas, sobretudo muitos animais mortos – coitados, infelizmente, porque as pessoas fogem e abandonam à sua triste sina os animais que impotentes, ficam para trás, ao destino, que não raramente os penaliza cruelmente.

Mas aqui por Sydney... tudo bem, graças a Deus e à vontade férrea dos homens e deste espírito de união tão típico dos dundees desta terra!

Lembro-me sempre do Crocodile Dundee!


Natal com chuva

Estávamos ainda na antiga casa e o Natal aproximou-se com ameaças de chuva e sucedeu mesmo – dois dias inteirinhos a chover – 24 e 25 de Dezembro, com baixa de temperatura e molhadinho! Os filipinos com quem dividiamos a casa foram logo dizendo que era eu que tinha pedido ao São Pedro que fizesse um clima parecido com o que então se vivia em Portugal! As notícias chegavam-nos preocupantemente!

Foi agradável e desde já comunico que a ceia teve bacalhau da Noruega, bacalhau tradicional, confeccionado por mim mesmo e adquirido no bairro onde habitam muitos portugueses – Petersham – na loja do casal madeirense Ivone e Orlando Camacho, onde, nesta época do ano há sempre um corropio de clientes saudosos de uma postinha de bacalhau cozido com grão, couves, ovo cozido e cebola e alho, regado fartamente por belo azeite português – mesmo que o azeite seja grego (o mais popular por cá), ou espanhol, ou italiano – a malta consome com espírito de azeite Gallo e depois das sobremesas... o café é indiscutivelmente Delta! (mesmo que seja italiano, ou de qualquer outra proveniência, o nosso palato regista: - hummm, este café veio de Campo Maior!

A seguir ao Natal... vieram as mudanças!

Nova Morada

Agora mudámos aí uns cinquenta quilómetros para norte! Estamos num “bairro” chamado Cammeray, na seguinte direcção:


Unit 11 / 28 Moodie Street, Cammeray, NSW 2062, AUSTRALIA

(Atenção, agradeço que não divulguem a nossa morada, junto de ninguém!)

Já anteriormente tive o cuidado de explicar que Sydney é, na verdade, um aglomerado de pequenas cidades, talvez duzentas ou trezentas pequenas cidadelas, umas maiores, outras mais pequenas e tudo junto faz com que Sydney tenha o tamanho do nosso Alentejo.

A enorme boca de água que recorta a cidade e onde o mar invade de forma maravilhosa esta grande metrópole, divide-a em Sydney norte (para um lado) e a restante Sydney (central, oeste, leste e sul) para o restante. Aquela célebre ponte de todos conhecida, verdadeiro ícone deste país e de onde se faz o fogo de artifício no fim do ano, é uma das dezenas de pontes que ligam a zona norte à zona restante – a Sydney Harbour Bridge – considerada uma das mais belas e famosas do mundo e a mais larga do planeta, do alto das suas oito faixas, quatro para cada lado.

O “bairro” de Cammeray fica (em linha recta) a cerca de 1.500 metros da ponte, o que em termos de dimensões australianas significa que Cammeray fica em cima do local, colado à ponte. Tal facto penaliza quem aqui vive porque se considera que Cammeray, como North Sydney, Saint Leonard, Neutral Bay, são bairros chiques, muito elegantes e as rendas das casas são assustadoramente elevadas e os preços (nos supermercados) dos bens essenciais acompanham a tendência, chegando a água engarrafada, o leite, o pão, os iogurtes, a fruta, os frescos, etc. a custar o dobro, ou, pelo menos, mais 50%! Acho um exagero, mas eu e a Bianca, tal como explicara anteriormente, decidimos, quando procurámos uma nova casa, privilegiar a localização do apartamento (flat em inglês), em função do serviço da Bianca para evitar a utilização de transportes (poupando-se na gasolina e no passe dos combóios), e assim ela está a 15 minutos a pé do seu emprego na MLC.

A nossa actual casa fica (como referência) perto do Hare Krishna Temple, ou também do Colégio dos Maristas (a malta de Lourenço Marques vai achar piada...).
Mudámo-nos a 29 de Dezembro com a ajuda dos filhos da Bianca – a Roxy (pretty girl) e o Ray (strong mate).

Como a Bianca estava de férias e tinha tudo organizado e pronto, com as caixas numeradas e marcadas, a mudança fez-se em duas horas e como se começou às seis da manhã, às oito horas estávamos na flat, rodeados por caixas e caixotes por todo o lado, acampados no meio do papelão e sem vontade de começar, sobretudo porque nem sabíamos por onde!!!

Entretanto, os saldos – enormes e em todos os estabelecimentos, incluindo o Ikea – começavam a 31 de Dezembro (2ª feira), pelo que nesse dia e nos seguintes (com excepção do feriado dia 1 de Janeiro), fomos às compras – adquirir os móveis que já antes tinhamos andado a namorar e a fazer planos e a fazer contas e a rezar para que fossemos os primeiros no dia 31, para que não se esgotassem...

As entregas foram feitas dois dias depois e foi assim que o fim-de-semana seguinte foi passado a montar móveis! Tornei-me carpinteiro e até a Bianca me surpreendeu, pois engenho (e força) não lhe faltaram para montar cuidadosamente tudo! Quero aqui referir que as entregas foram feitas por dois maoris (naturais da Nova Zelândia), ao serviço do Ikea, e que mais pareciam dois armários, ambos com mais de 2 metros de altura, mais de cem quilos de peso e que sem cansaço trouxeram em meia dúzia de vezes tudo o que se comprou, subindo sem pestanejar, sem lamentos, sem pedir intervalos e sem aceitarem um cafezinho (Delta, claro), três andares – isto porque a flat é um 3º andar sem elevador, mas com uma vista razoável – não, não dá para ver a ponte da nossa varanda. Pena!

Lá nos esforçámos o melhor que podíamos e sabíamos. Fizémos alguns erros que prontamente verificámos e reparámos, porque a maior parte das peças são made in China e as instruções são incompletas, ou... para gente muito inteligente e habituada a montar móveis! Nem todos os passos estavam explicados, o que nos obrigou a interrupções para conferenciarmos e analisar as próximas 43 etapas do assembley da traquitana!          
Entretanto a 7 (2ª feira) a Bianca voltava ao trabalho!

E o calor apertava!

E nós sem ar condicionado! Nem Internet! Bolas... estivémos sem Internet até quase ao fim de Janeiro, sem poder comunicar com ninguém! Uma vez ou outra chegámos a ir a um Cyber Café, mas não é prático, nem se está à vontade, sabem como é...

Ah...mas nos intervalos tinhamos o cafezinho... Delta... claro!

Para compensar o esforço, à noite, já com a aparelhagem montada, ouviamos boa música e até dançávamos ao som do luso-angolano Bonga!

2013

Mesmo perto de casa, existe um enorme jardim, o Saint Leonard Park, e de onde se avista a tal Ponte de Sydney.

Escusado será dizer que no fim do ano, jantámos calmamente em casa, cansados e sem programa combinado e decidimos ir para o tal parque St.Leonard para ver o fogo de artifício!

Lá fomos e chegámos meia-hora antes. Já lá estava uma multidão de gente. Fotografei a Bianca e cinco minutos antes da meia-noite houve um foguete de aviso. À meia-noite em ponto, foi o fim do mundo e começou o festival de luz e cor que as televisões de todo o planeta transmitem anunciando que na Austrália o Ano Novo já entrou...

E assim foi – um espectáculo – mas... o fogo de artifício do Funchal (a que já tive a honra e o prazer de assistir) é melhor! Valham-nos os pergaminhos da Pérola do Atlântico! Talvez pela configuração em anfiteatro, talvez por uma maior concentração do fogo e dos efeitos, talvez por uma maior quantidade, mas o facto é que, durando menos (no Funchal o fogo são dez minutos), o espectáculo madeirense é superior ao de Sydney. Já me tinham dito tal coisa, mas não acreditei! Uau, podem crer – no Funchal é o melhor fogo do mundo! Quero dizer... não sei como será em Pequim, em Manila, em Singapura, mas... o do Funchal é melhor que o daqui!

No final a Bianca face ao meu mutismo perguntava-me curiosa – não gostaste? Estás triste? Claro que gostei e claro que estava todo contente de ter chegado a 2013! Mas fiquei um pedaço desiludido! O meu amigo Armando Lopes já havia assistido a um final de ano em Sydney, junto à célebre ponte e tecera os maiores elogios ao feérico espectáculo.

Mas repito: para mim, o do Funchal é ainda melhor!

O 2013 lá entrou e faço votos de que seja bom para Portugal que tão precisado está de melhores políticos e melhor gente na governação de um país que até nem é sequer pobre de recursos!

Bom Ano Portugal e que saibas com honra e em Paz vencer a crise e mostrar ao mundo que tens uma gente de estirpe notável! E nada mais acrescento!

Fotos

Já me não lembro bem porquê, mas o certo é que as fotos referentes à Crónica anterior – a 8ª Crónica, datada de 22 de Dezembro – não chegaram a ser exibidas em devido tempo. Entretanto decidi colocar já as fotos referentes à Crónica nº 9 e assim, num link perto de si... (onde é que eu já ouvi um anúncio assim?), podem a partir deste momento visualizar as fotos seleccionadas para acompanhar quer a Crónica de 22 de Dezembro, quer a de 31 de Janeiro de 2013.

Espero que gostem e entretanto fico à espera das vossas reacções:



Uma amiga escritora

Não vou dizer quem é, até porque não estou por ela autorizado, mas gostaria de vos apresentar um pequenino excerto de um texto escrito por ela e solicitar-vos a opinião sobre se ela é, em vosso entender, uma escritora. Está ali uma escritora em potência, julgo, e por mais que eu lhe escreva e a tente convencer disso, ela acha que não, hesita, hesita, e o tempo e as oportunidades são como as águas de um rio: só passam uma vez!

Aí vai!

Fizeste-me sorrir, Luiggi! Ainda bem que te divertes com a minha escrita extravagante e disparatada, pois de facto dá-me prazer o sabor picante e agridoce e o som crocante das palavras!
Penso que muitas vezes escrevo mais pelo prazer de escrever do que pelo que verdadeiramente é importante no momento dizer. Ou seja, acabo por escrever muito mais do que seria necessário porque as palavras afloram à minha mente primeiro através do palato, despertando os meus sentidos com os sabores das especiarias carminativas que me alteram o humor e me iluminam as veredas recônditas dos caminhos da comédia, e a seguir me encantam com o seu canto, vergando os meus dedos a uma dança prisioneira, obediente, dominada, submissa nas teclas do computador. Dança que, se não me cuidar, engole os meus minutos e as minhas horas - engoliria a minha vida inteira, se o Bom Deus não me tivesse tão bem aperrada, linha por linha, nas teias dos cânones sagrados!
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Eu para aqui estou, alegremente estouvanada na minha inconsciência do perigo, como sempre - quanto mais o abismo é fundo, mais eu me chego à beira para admirar a Paisagem, mais eu me sinto fascinada pelo desvendar dos segredos do que está longe e inacessível, do que a retina não capta ou capta mas o espírito não entende...
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Descubro nesta etapa da minha vida 2 coisas. A primeira, é que adoro a minha casa! Sinto, até, que é o primeiro lugar onde me vejo verdadeiramente abrigada em algo que é absolutamente meu: sou a única proprietária, não devo prestações ao banco, não tenho marido para dividir, posso pôr e dispor como me apetecer; posso cozinhar na sala, fazer da casa de banho escritório e dormir na cozinha, se assim os devaneios da vontade e da loucura mo ditarem! O sentimento de liberdade é tão grande, que até me ocorre que posso virar tudo de pernas para o ar e fazer do tecto chão, fazer jorrar electricidade das torneiras e tornar os prédios em frente às janelas um mar calmo ou tempestuoso, conforme os sentimentos da alma!
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Saudações
Fico-me por aqui.

Longa vai a presente Crónica e como referi, espero agora um sinal vosso!

Boa leitura e boa continuação (como se diz na zona saloia).

Fiquem bem. Abreijos deste vosso

Luis Arriaga
Sydney, aos 31 de Janeiro de 2013.
   




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