segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRÓNICAS do Fim-do-Mundo 8 - Pronto... escapámos ao fim-do-mundo!

Festa de Natal no Museu Etnográfico Português, Natal de 2012
Os desgraçados dos Mayas, tão preocupados com a leitura do futuro, esqueceram-se de ler os astros sobre o presente (de então) e acabaram invadidos e destruídos pelos espanhóis que sem escrúpulos, na sua colonização, procuravam tão somente o ouro para roubar e nunca a sua acção envolveu o conhecimento das gentes “achadas”, nem de qualquer sentimento ecuménico, como aconteceu com os portugueses.

Os Mayas terminaram ingloriamente e agora confirma-se que também erraram nas previsões astronómicas... provavelmente por biliões de anos. A ver vamos... (como dizia o cego...)

Escapámos ao anunciado 21 de Dezembro de 2012 e aí vamos nós lançados para o 2013!
Que entre o Novo Ano. Que venha abençoado e pleno de graças e saúde para todos.

Inch Alah!

Outras curiosidades australianas

Por exemplo a expressão amigo. Os americanos e ingleses utilizam friend. Dizem “Hi friend, how are you?”, ou “Hello fellow, how are (the) things going?” Aqui na Austrália o amigo é mate. “Hi mate, how you?” São muito práticos e adoptaram uma frase proveniente dos irlandeses.

Outra diferença é a palavra about – que nós aprendemos a pronunciar (em português) “abaute”. Pois bem, aqui dizem “abéute”. Tudo o que é ou passa para (em português) éu. Assim como a vogal i (que se lê “ai” – tonight, alright, etc – eles dizem “ói” – lêem “tonóite”, “alróite”!

Depois existem expressões que não têm o significado que nós aprendemos nos livros do liceu:

Por exemplo “compromisso” – e que eu pensava ser Compromise. Não é! Ou por outra, só é em determinadas circunstâncias. Se eu disser que ambas as partes concordaram, cedendo cada um um pouco, num certo “compromisso” – aí sim, é: “they compromise in this, or that”.  Mas se eu disser que não posso estar às 10 h da manhã porque já tenho um compromisso, então eles dirão Comitment. Oh I can’t go ‘cause I’ve already a comitment.

Outra terrível diferença é a palavra simpatia. Eu achei o Peter simpático – eu julgava que se dizia “I think Peter is very sympathetic” ou então “I feel lots of sympathy for Peter”. Acontece que a palavra Sympaty tem que ver com  o sentimento que se revela a quem acabou de perder um ente querido, isto é, só se refere quando se apresentam condolências! Assim, ao contrário, utiliza-se a expressão friendly quando achamos alguém simpático – “Oh yes, Peter is friendly...”

Também algumas interjeições são engraçadas. Quando alguém nos está a contar uma coisa qualquer e a gente vai dizendo – “Ah sim?”, “Sh... incrível...” “Sim,sim” e por aí fora, eles dizem algo que nos soa a: “Ai é?” – que no fundo é o “Ah, yeah”, mas numa conversa corrida parece mesmo a expressão portuguesa do “Ai é?”
Também têm o horrível hábito de “assaloiar” algumas consoantes finais e em vez de as pronunciar correctamente como CBD – (lido Ci, Bi, Di), eles dizem Ci Bi Dei – que é como falam no mundo rural, mas agora é moda aplicarem essa fórmula na leitura da última consoante.

De resto, são educadíssimos e acham-nos brutos e malcriados, porque eles estão sempre a dizer bom dia, a agradecer e a pedir por favor. Mesmo numa caixa de supermercado, quando chega a nossa vez, mesmo que não nos conheçam, quem está na caixa diz com um sorriso “Hello, how are you?” e nós devemos responder “Hello, good, thanks!” Não basta responder “Hi” – isso é tido como rudeza!

Também nos cumprimentos, eles dão um só beijinho e mais do que isso pode ser considerado assédio. E aqui não são só os homens que fazem assédio. As mulheres também o praticam...  isto é, se se cumprimentar com dois beijinhos, ou se se der um abraço apertado, pode ser considerado como “convite para ir para a cama”...

Entre homens e mulheres é normal as pessoas cumprimentarem-se com um “passou bem” (apertarem as mãos e nada mais!)

Numa fila não se pode estar a 30 ou 40 centímetros da pessoa da frente. Eles dão imensa importância ao que chamam o “personal space” e normalmente respeita-se entre meio-metro e um metro de distância. Já houve casos de pessoas que chamaram a polícia porque o parceiro de trás (na fila) se aproximou a menos do que a distância regulamentar!

A hora de almoço é ao meio-dia e é rapidíssima, Há até quem coma algo ligeiro (um snack) no próprio serviço e a hora de saída é às 17h. Eles não referem 17h, ou 20h, 21h, etc. Dizem 7 pm, 8 pm, 9 pm.
As pessoas levantam-se às 5h30, o máximo às 6h, os empregos começam às 8h30, o máximo às 9h e a hora de jantar é às 6 pm. A hora normal de deitar (com excepção de 6ª para sábado e de sábado para domingo) é às 10 pm. Se a polícia vir alguém a pé numa rua à meia-noite, provavelmente irá abordar a pessoa a saber se foi assaltada e pedem-lhe identificação, não vá ela ser um assaltante...

Não há piropos e nenhum homem se atreve a dizer alguma coisa, ou a olhar para trás, para uma miúda, para olhar de novo para as pernas, ou para o rabo! Nada disso. Ela pode passar nua que ninguém pára (a não ser os portugas...), ninguém diz nada, ninguém se mete! Já o contrário... Elas são quem olha, sorri e cumprimenta, elas voltam a olhar, riem-se, fazem comentários e dizem piropos. São elas quem “engata” e dirige o namoro, quem convida para a cama, quem domina a relação. 

Não se interrompe ninguém e as conversas parecem “ensaiadas”, de tal forma correm disciplinada e educadamente!

Ao princípio estranha-se, mas depois, calmamente tudo se vai entranhando e a gente habitua-se a tudo. É realmente uma sociedade diferente – julgo que para melhor – e a verdade é que os únicos que arranjam problemas são os latinos, os negros e os muçulmanos...

De resto, aos sábados à noite o “desporto” favorito são as bebedeiras e quer eles, quer elas apanham “tosgas” de meia-noite – chegam a ficar inconscientes e dormem na rua, sem saber o que fazem, quem são, ou onde estão.

O desporto favorito é o rugby, pouco sabem de futebol (a que chamam de soccer) mas torcem todos pelo Manchester United, pelo Chelsea e pelo Barcelona. Conhecem, o Cristiano Ronaldo, acham-no o melhor jogador do mundo, mas dizem que o soccer é cheio de mariquices e que os jogadores se mandam para o chão por tudo e por nada à espera do apito de referee (Árbitro).

Outra das características desta gente é ilidir e encurtar tudo o que lhes facilite a linguagem. Encurtam as palavras e quem esteja de fora dos hábitos, não apanha uma!


Dois exemplos:
“I’m going this morning to Uni” – aqui a palavra (que não vem no dicionário), uni, é university. Quem não sabe fica sem compreender...

“Did you see the ad?” – aqui a palavra ad significa advertise (anúncio), e na mesma, quem não souber...

Dá ideia que lhes dá muito trabalho dizer as coisas em bom inglês. Explicaram-me que é uma moderna tendência de criar um léxico próprio, um pouco à semelhança do que se passa com os norte-americanos – de quem eles dizem não gostar, mas passam a vida a querer imitá-los...  


3B’s

Num belo sábado à noite, eu e a Bianca adquirimos bilhetes para ir ver um Grupo musical australiano chamado 3B’s, exactamente porque as suas actuações se baseiam em recriar os temas e o ambiente de palco de três grandes bandas dos anos sessenta: os australianos Bee Gees, os americanos Beach Boys e os ingleses Beatles. Wow... delirei! Saltei, pulei, cantei, e adorei “rever” (musicalmente falando), aquelas fabulosas três bandas dos meus tempos de jovem!

Aliás curiosamente, a assistência era 100% de gente cota como eu – tudo entre os 50 e os 80 anos, recordando os principais temas das três bandas, cujos nomes, coinicidentemente, começavam por B – daí... os 3B’s!


Tive pena de, na ocasião, não poder partilhar aqueles momentos especiais com amigos chegados, igualmente apreciadores de Bee Gees, Beach Boys e Beatles. Daqui uma saudação especial para o Zé Couto e Silva e para o Jorge Carnaxide – podem ter a certeza de que me lembrei várias vezes de vocês!


António Sala

E agora falo de outro grande amigo meu!

De repente correu o boato de que aquela fabulosa glória da rádio e da televisão portuguesa estaria a tencionar fazer como eu – emigrar para a Austrália – e até me deram como certa uma determinada data e que o António viria para Brisbane.

Contactei-o de seguida e afinal o António está de pedra e cal em Portugal, na sua casa em Tires, e para já, não tenciona vir. Talvez um dia, numa viagem turística para conhecer este paraíso que resta no mundo, e a que os naturais denominam “down-under”... ou terras do fim-do-mundo.

E eu, que me preparava já mentalmente para lançar com o António um programa bem esgalhado na rádio aussie, a concorrer com o que por cá se faz de rádio em português e que não merece sequer esse nome!
Se vieres António, serás bem-vindo! Tu e todos os teus!

Outro grande nome da rádio com quem contactei recentemente é o meu amigo João Chaves a quem propus realizar e apresentar um Oceano Pacífico, realmente ao pé do dito cujo a quem o famoso programa das noites da RFM deve o nome... Ficou a ideia e ficou a promessa! Talvez o João cá venha em 2013! Let’s wait and see!

Se porventura também vierem cá outros amigos que fazem rádio, como o Jaime Ferreira de Carvalho e o Jorge Carnaxide, bom... então aí... pedimos messas aos melhores da Austrália, isto porque, cada um no seu género, estaríamos ao nível dos melhores e seria um show! Aí sim... iríamos mostrar como em Portugal se faz rádio! Com excepção do Jorge, somos todos provenientes da grande escola da RR! Abençoada Renascença! 

Também tive notícia de uma cantora portuguesa dos anos 80 – a Lília Kramer! Através do Facebook ela contactou-me e restabelecemos uma amizade antiga, dos tempos em que eu cheguei a fazer para ela umas quantas canções, uma das quais ela chegou a gravar em disco. Vive agora na Alemanha e uma vez que fez carreira nos circuitos (lucrativos aliás) dos Cruzeiros marítimos de longo curso, conheceu a China, onde já actuou, onde já lançou discos e onde é realmente bastante popular.

Restabelecida a relação, estamos neste momento a pensar em preparar um grande show com temas inéditos e antigos  e que lhe proporcione fazer em vários países, um show de duas horas só com ela. Já preparei duas ou três canções e agora aguardo que ela venha a Sydney para se gravar o novo álbum, cujo lançamento poderá (e deverá) incluir Pequim!

Quem sabe se ainda não farei uma canção com versão em cantonense? Ou uma adaptação moderna do “Quando o coração chora” em mandarim...

Também aguardo a vinda no início do próximo ano, do cantor e compositor madeirense Luis Filipe, de quem sou muito amigo e com quem já tive a honra e o prazer de trabalhar!

São todos bem vindos e se vierem é garantido que haverá festa da rija, à portuguesa, porque essa é a forma como os portugueses festejam a chegada de alguém da terra – um compadre – mesmo que o conhecimento pessoal seja escasso. É a nossa discutível, mas maravilhosa forma de ser!

A terra do sol

Vou voltar ao tema Austrália.

Também há quem lhe chame de “a terra do sol”, tal é a força com que o sol inunda estas terras privilegiadas!

A claridade, que eu pensava ser máxima em Aveiro – inclusivé múltiplos artistas declaram ser a zona do mundo com maior claridade – é absolutamente imbatível na Austrália! Mas nem se compara! Aqui é “obrigatório” usar-se óculos de sol – não se suporta a claridade sem uma protecção ocular correcta e eficaz, e são aos milhares (apesar dos muitos avisos públicos pelos cartazes, pela rádio e pelos jornais), os doentes com maleitas provocadas pelo sol, quer na pele, quer nos olhos.

Também o calor abafa e aparece e desaparece num repente. Há dias, passou-se dos 25, 28 graus centígrados, para dois dias seguidos de 44 e 45 graus – quase irrespirável! Do género de nada resultar e de apetecer fugir para dentro dos grandes armazéns e shopping centers com ar condicionado. Num dos dias, eu e a Bianca tomámos quatro banhos de chuveiro, cada um, tal a intensidade do calor. Acabávamos de tomar banho e logo estávamos de novo a transpirar! Tipo coisa colante e insuportável! E nós a sabermos, pela minha sogra, que em Portugal estava um frio de rachar, chuva, vento e temporal... Dará para trocar um pedacinho? Aceitamos!

Visita a uma Mata quase virgem

O nosso incansável amigo Peter Thomas, celibatário por vocação, residente em Wollongong, financial controller numa enorme empresa que constrói pontes, viadutos e autoestradas,  convidou-nos a conhecer com ele uma mata quase virgem, (uma mata que incluia uma inestimável colecção de mais de cem diferentes variedades de gumtree – eucaliptos), no meio da qual poderia ser visitada uma mina de carvão, já desactivada há mais de cem anos e a mais de quatrocentos metros de descidas até às profundas do “inferno”...

Foi giro, tirámos muitas fotografias e eu tive a oportunidade de visualizar e fotografar a planta de que mais gosto – o Feto – em dimensões enormes,completamente impossível de ver em ambiente diverso do de uma mata húmida e selvagem, praticamente intocada pelo homem! 

No novo sítio das fotos poderão visualizar algumas das imagens aqui referidas:


No meio da mata, e para mim inexplicavelmente, deparámo-nos com um enorme templo budista, de um grupo de monges tailandeses, a quem o governo australiano doou um terreno exactamente para permitir que os monges possam praticar livremente a sua religião. O templo é rodeado por enormes jardins e perto do edifício central, construiram uma “representação” do mundo de há 5000 anos, com a reconstituição (fantasiosa/não rigorosa) de templos no médio oriente, Grécia, Roma, etc. Ao referido mapa-mundi faltavam somente a Península Ibérica e as Américas.

Porquê? Não sei, nem imagino, porque já nesse tempo (há 5.000 anos), existia informação sobre os territórios que compunham a Península Ibérica, assim como sobre o estreito de Bering por onde terão passado os chineses que vieram a formar as várias tribos índias que colonizaram ambas as Américas.
Prenúncio de alguma coisa? Reflexo dos escassos conhecimentos geográficos desses tempos recuados? Enfim, não indaguei e não vi aliás nenhum dos monges budistas que, pelos vistos, evitam aparecer a estranhos. Pena!

Ao fim da tarde regressámos a Wollongong. Á noite tencionávamos ir jantar a um Clube português, onde, segundo constava, havia um buffet fantástico e por 50 dólares cada pessoa. Demos uma volta pelo arredor de Wollongong – Kemblawarra – e quando chegámos ao Clube português, percebemos que o mesmo estava fechado (o que estranhámos por ser sábado à noite) e fomos ver o que se passava. À porta estava pesaroso, o presidente da colectividade, lamentando-se e pedindo desculpa, mas tinham tido que encerrar uma vez que o cozinheiro se demitira! Coisas à portuguesa! Não havia plano B e ninguém terá aparecido para desenrascar uma solução airosa!

Acabámos por ir jantar a um restaurante chinês e depois do jantar fomos ver um filme espanhol – “Volver” – com a Penélope Cruz. Embora fosse supostamente um filme de qualidade, realizado pelo famoso Pedro Almodovar, achei-o aquém das expectativas porque se colocou um drama do século XIX nos parâmetros do século XX, dando um ar de gente atrasada aos personagens focados no referido filme. Aliás, no final, o Peter perguntava-me se de facto a história era possível de ter acontecido na Espanha do século XXI... Tive que lhe dizer que o filme foi sobretudo feito a pensar no público norte-americano que papa tudo sem revelar sentido crítico!

Depois ficámos, madrugada fora, a conversar sobre Portugal e a Espanha, sobre a colonização de uns e de outros e já alta madrugada referi o célebre Acordo Ortográfico e sucintamente expliquei a ideia da “coisa”! O Peter achou a ideia mais absurda, patética e bizarra que alguém poderia ter no sentido de alterar a língua original, para amenizar as naturais diferenças do português falado noutras latitudes! Obviamente concordei, lamentando-me mais uma vez das vistas curtas de alguns idiotas que por terem sido eleitos se acham donos da vida e da dignidade de quem os elegeu!

Felizmente que não estou só neste meu raciocínio e há muito mais quem não aceite este “acordo” horto-gráfico – esta a designação por que optei mencionar a medida peregrina! Recuso-me a alinhar que nem um carneiro só porque se legislou um disparate.

Mármore

Há dias, frequentando os meios dos emigrantes portugueses radicados há muitos anos em Sydney, perguntava qual era o actual grande negócio a que se dedicavam os nossos emigrantes. A resposta veio pronta – importação de mármore! Excelente, adiantei. Mármore de Estremoz, é do melhor e lindo, muito procurado!

Pois, respondeu-me o interlocutor! Era assim, mas depois a ganância matou o negócio! Em Portugal começaram a querer praticar um tal preço que teve de se ir procurar o mármore a outro lado! Então e agora de onde é que se importa o mármore, perguntei. Do Iraque! Tão bom como o nosso e por metade do preço!

E esta hein? (remataria o Fernando Peça)


Selecção Nacional de Futebol
Já fui abordado no sentido de tentar organizar-se uma vinda cá da Selecção Nacional de Futebol.

Actualmente o soccer (futebol) está a passar por uma fase excelente de imenso sucesso e de grande implementação. O campeonato local está ao rubro e até se diz que na próxima época o Beckham virá jogar para uma equipa local – o Parramatta FC (aliás onde ainda vivo). Não sei se é verdade, ou sequer se é possível, mas eles procuram desesperadamente incentivos para a prática do futebol.

Eu bem expliquei que tal coisa é improvável porque para que tal fosse exequível, a Selecção teria de se deslocar por cerca de um mês, o que nas condições actuais seria impraticável, pelos custos e pelo tempo de ocupação dos craques relativamente aos seus clubes de origem. Contudo eles argumentam que o dinheiro poderia compensar organizando-se desafios nas principais cidades australianas. E eles admiram o futebol português e consideram o Cristiano o melhor player in the world (suponho que eles não saibam bem como o Cristiano vai abaixo quando joga pela selecção e não saibam dos penalties que ele falha...)

Enfim, pouco sei destes negócios e entretanto também não conheço ninguém ligado ao futebol, com importância significativa para poder tratar destes assuntos. Se alguém que leia estas Crónicas puder dar um jeitinho... a gerência agradece!!! O meu mail é luisarriaga29@gmail.com

Saudades

Nunca vos confessei verdadeiramente sobre as saudades que se sentem por cá!

Permitam que vos confesse que são muitas, mas sobretudo são saudades que magoam, que doêm por dentro, talvez pela distância e por se saber que não se pode aí ir todos os anos e provavelmente por se não ter a certeza se alguma vez aí voltaremos!

Mal comparado... é como se alguém emigrasse para Marte! Estamos a milhões de quilómetros, a caminho de Júpiter e não dá jeito voltar à Terra. Despedimo-nos dos amigos, da família, dos sítios, dos sabores, das pequenas coisas, dos passeios e lugares favoritos e fica a sensação de que se não volta nunca mais. Por outro lado, há uma imensa tentação para se ir acompanhando o mais possível a vida do país... e também nesse capítulo as coisas são amargas e tristes...

O Natal – que se aproxima e que será o meu 1º Natal à distância – é seguramente uma daquelas datas marcantes, que realça os valores humanos, a solidariedade, a família, e onde certamente a saudade (tão portuguesa aliás), se fará sentir com mais ênfase!  

Penso, tento racionalizar e digo para mim – eh pá... é preciso atitude, coragem, não és gato, nem cão, és homem e... um homem não chora!

Pois... limpo as lágrimas que correm, pego no lenço para me assoar, fungo duas ou três vezes e digo para mim – eh pá isto seria mais fácil se todos os meus amigos me escrevessem com mais frequência, contando notícias, nem que fossem coisas supostamente sem importância, banais, mas que aqui, a esta distância, são notícias lidas com gosto e ansiedade, esperadas sempre desesperadamente e com enorme avidez. E novas lágrimas me correm teimosamente face abaixo!

Fica a sugestão. Por favor escrevam, nem que seja com notícias sobre a crise, sobre o Passos Coelho, sobre o Sporting, Académica, Benfica, sobre o candidato do PS à Câmara de Mafra – um conhecido meu de há vários anos – Eliseo Summavielle. (Então... agora que me vim embora é que o Sumavielle vai a Presidente da Câmara?).

Mas escrevam, é um acto de amor, direi até de misericórdia!!!

Um destes domingos vai ser a Festa de Natal dos emigrantes portugueses. Vai acontecer nas instalações do Museu Etnográfico do Emigrante Português. Vai haver concursos, cantigas e especialidades gastronómicas da nossa terra. Wowww, que bom! Eu e a Bianca já marcámos lugar. Tiro fotos e vou inclui-las na próxima série.    

Multiculturalidade

Nós, portugueses, ainda não estamos muito familiarizados com o assunto e talvez até nos custe um pedaço admitir a multiculturalidade, por razões culturais, históricas, por hábitos antigos, sei lá...

Mas a verdade é que julgo não me enganar se vos disser que o mundo está a caminhar para um imenso melting pot, em que todos os credos, religiões, “raças”, cores, proveniências, se irão misturar e cruzar, globalizar numa imensa amálgama cultural única, e nessa altura discutir-se-á se as fronteiras realmente se justificam.

Para já, gostaria de relevar que “raças” humanas há só uma: a raça humana. O ser-se negro, branco, amarelo, azul às riscas, são variantes de uma mesma raça. Tenho verificado que muito poucos pormenores nos separam. Somos todos tão iguaizinhos nos temperamentos, nas reacções mais primárias, na maioria dos costumes, até nos hábitos alimentares! Temos os mesmos medos, nascemos e morremos da mesma forma, comemos, dormimos e amamos uns como os outros!

Não se justificam as guerras e as questiúnculas, em que, ao longo da História, o Homem se tem envolvido, por vezes em nome de Deus, o que julgo ser um tremendo engano – Ele seguramente preferiria que os Homens se entendessem todos em Paz e Harmonia!

O maior valor da Austrália, o motivo principal da sua riqueza e da harmonia que aqui se vive, é realmente (e não haja dúvidas) a Multiculturalidade. A Bianca tinha razão quando, ainda em Portugal, me repetia isto à exaustão!

Já me vou habituando e não imaginam como é interessante olharmos à volta por exemplo num supermercado e de repente percebermos pelo aspecto dos circunstantes, que provavelmente estão ali tantas proveniências diferentes, quantas as pessoas que nos rodeiam. Algumas falando ao telemóvel línguas absolutamente estranhas, e todas se compreendendo, todas se cumprimentando, todas se comportando civicamente sem problemas e com um sorriso que se reparte com satisfação e simpatia. Finalmente a Torre de Babel!

Perto de nossa casa existe um formidável Templo Hindú, muito bonito e sempre magnificamente iluminado. Não resisti e fui fotografá-lo uma destas noites. Podem consultar o flickr.

Aliás, nesse aspecto Lisboa mete inveja a muitas outras cidades europeias! Também temos um magnífico templo hindú perto do Hospital da Força Aérea (nos Paços da Rainha), com uma linda e enorme estátua de Ghandi nos jardins avistáveis de fora – quem quiser dar um passeio de carro pela zona, poderá conhecer o local e comprovar o que aqui escrevo. Para os mais afoitos fica a sugestão de lá se almoçar, num piso do próprio templo existe um restaurante indiano (vegetariano) e onde se come muito bem e muito barato. Vale a pena ir e visitar. Não sei se fecha aos domingos, se às 2ªs feiras. Estaciona-se a viatura na cave e há acesso fácil ao piso do restaurante.

Lisboa é também a única cidade do western (ocidente), onde existem duas estátuas do Mahatma Ghandi – uma, onde já referi e outra no Restelo, para quem desce a Av. Vasco da Gama, fica à esquerda – está meio escondida, é uma estátua pequenina, mas graciosa. Os indianos valorizam imenso esse gesto cultural que nos distingue e promovem exactamente que fóra da Índia, Lisboa é o único local onde existem duas estátuas desse formidável lutador pela Paz no mundo! Sou um confesso admirador de Ghandi!

Festa de Natal do Museu Etnográfico Português

Foi no domingo passado que passei, à rua onde era a casa da mariquinhas, e está tudo tão mudado, que não vi em nenhum lado, as tais janelas que tinham tabuinhas...

Eu também estava à espera de um ambiente “pimba” e de nostalgia... e fui surpreendido com uma presença muito digna, casa cheia, muito nível e uma festa de natal à portuguesa, com declamação de poemas, cantigas (de natal e não só – temas de Paco Bandeira, Zeca Aonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Trovante, etc), houve exposição e leilão de bolos caseiros portugueses, e até uma actuação de uma jovem cantora portuguesa, profissional, filha de emigrantes, ainda em início de carreira, mas a fazer lembrar a Nelly Furtado.

O nome dela é para fixar. Esta miúda vai fazer carreira – Sónia Rocha.

A convite, acabei por fazer um pequeno discurso em que apelei à solidariedade com os portugueses que estão lá longe a viver na pele a crise e o destino de se sofrer esse fado de ser lusitano e a Bianca também participou activamente na medida em que foi juri do concurso de bolos e foi quem ficou encarregue de exibir os bolos sujeitos a leilão para captação de fundos para a manutenção desse formidável Museu Etnográfico Português, onde se mostram os nossos hábitos, onde se divulga a nossa cultura, e para onde a generalidade dos emigrantes de Portugal neste continente deixa um variado legado de bens pessoais quando a vida chega ao parágrafo final...

A festa que teve saudade, mas não foi piegas, começou às 2h pm e terminou, como previsto, às 6h pm.

Para além de muitos portugueses, estavam também italianos e brasileiros.

Adorei! 

Prémio Nobel da Paz

Hoje mesmo, em Oslo, será entregue o Prémio Nobel da Paz à União Europeia! Lá estarão os seus dignitários, entre os quais Durão Barroso, meu ex-colega de faculdade, ex-dirigente do MRPP, (em minha opinião, um canalha do pior...), recebendo o distinto galardão.

·         Em Anexo explico porque considero o Durão Barroso um canalha do pior!

Lamento mais esta precipitada atribuição de tão famoso prémio que supostamente distingue e premeia a entidade, ou indivíduo, que ao longo do ano subsequente tenha envidado maiores e mais relevantes esforços para a imposição, ou manutenção da Paz!

Já há quatro anos eu lamentara a atribuição da mesma distinção, na altura ao recém eleito (e praticamente então de todos desconhecido), Barak Obama, na época acabado de ser eleito presidente da república norte-americana. Na ocasião escrevi num Editorial da Folha do Café, que achava tal nomeação um acto de oportunismo ridículo que profanava a essência de tão distinto prémio, que anteriormente distinguira já relevantes nomes como a Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela, El Baradei, Ramos Horta, UNICEF, Martin Luther King, Sakharov, Gorbatchev, Médicos Sem Fronteiras, Shimon Perez... e tantos mais!

É muito discutível (no mínimo), que o júri do Nobel da Paz volte a eleger uma instituição que tem contribuido muito mais para o desassossego e revolta, para o desespero e pobreza, que para a harmonia e para a paz! Se porventura queriam justificar o prémio atribuído pela quantidade de anos sem guerra que a Europa atravessa, então impunha-se que, no mínimo a atribuição do Nobel fosse partilhada com a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN), que estranhamente nem sequer foi referida no preâmbulo da atribuição do presente Nobel de 2012 – uma injustiça que, em meu entendimento, desqualifica e desprestigia a restante composição dos galardões desse benemérito que decidiu criar um prémio especificamente para os mais distintos “construtores” da Paz no mundo.

Refiro só que Alfred Nobel foi o inventor da nitroglicerina e mais tarde, procurando encontrar forma de tornar a composição química mais manipulável para efeitos de utilização na engenharia civil, juntou-lhe uns quantos compostos e inventou e passou a fabricar a dinamite. Ele era sueco, mas quando criou os prémios Nobel, decidiu que a atribuição do Nobel da Paz coubesse a um Júri da Academia Norueguesa (Oslo), razão pela qual, todos os outros prémios Nobel são atribuídos em Estocolmo, mas o da Paz, cabe ao referido Júri norueguês e é entregue em Oslo.

Jacinta Saldanha

De repente, este nome português (de proveniência goesa), passa para a ribalta aqui na Austrália, sendo notícia de abertura de todos os telejornais!

Ela foi a enfermeira de um hospital londrino que se suicidou na sequência – diz-se – de uma brincadeira estúpida e de absoluto mau gosto de um “par de jarras” de Sydney, animadores de um programa de uma rádio local,(2Day FM – leia-se Today), que, supostamente para fazerem humor, se socorreram de um estratagema idiota de telefonarem para um hospital londrino e fazerem-se passar pela Rainha Isabel II, imitando-lhe a voz e querendo saber notícias da princesa que acabara de ser internada para fazer exames, (Kate Middleton), vindo a anunciar-se que a mesma estava grávida. Na sequência de tal “brincadeira” a enfermeira de 46 anos, talvez não suportando a ideia do escândalo que inadvertidamente havia aberto, terá (consta) cometido suicidio.

Neste momento todos discutem se a rádio deve ser suspensa, se deverá continuar a emitir mas com os tais “animadores” suspensos, se os “engraçadinhos” devem ser extraditados para Inglaterra para julgamento, enfim, um pandemónio por causa de uma atitude irreverente e estúpida, impensada e infantil e com terríveis consequências.

Não quero aqui fazer juízos, que os guardo para mim, mas de alguma forma lembrei-me de imediato das parvoíces que alguns ditos humoristas sem inspiração nem dignidade, gostam de fazer, provocando pessoas e profissionais (de qualquer ramo), fazendo “brincadeiras” absolutamente fora de contexto e que deixam marcas e levantam muitas vezes grandes problemas. Lembrei-me dos gatos fedorentos, que também há anos atrás, e com enorme repercussão mediática, decidiram publica e abusivamente fazer humor com trabalho desenvolvido por mim, (e por outros), socorrendo-se de som e imagem que ilegitimamente usaram fora do contexto, para abandalhar e criticar sem sentido,  ofendendo e manchando a imagem profissional de quem tem muitos anos de comunicação social. Na altura revelei a minha contrariedade e a minha revolta, mas, como de costume, tal destempero ficou impune. Hoje, um deles, o Ricardo Pereira, é um persona grata do sistema e continua a dizer os disparates que quer e lhe apetece, sem que nada suceda. Os outros, desapareceram, esfumaram-se na vã glória do sucesso efémero e volátil...

Cá como lá, lá como cá, há sempre uns engraçadinhos idiotas que, não sabendo fazer humor sem amachucar os outros, entendem que a dignidade pessoal não interessa e o que importa é o êxito fácil e imediato da maledicência, n’importe quoi.

Honra seja feita ao já desaparecido Raul Solnado e ao meu amigo pessoal Nicolau Breyner! Estes sim, artistas inspirados e dignos!

11 de Dezembro

Hoje é dia de anos da Bianca! Completou 47 anos e teve de ir trabalhar, as usual, mas no próximo fim-de-semana aproveitaremos para nos desforrar e, de uma forma, ou de outra, iremos comemorar (e namorar).
Alguns, mais curiosos, perguntam-me a que horas a Bianca sai para o emprego. Bom, a vida cá tem horários diferentes dos daí... A Bianca levanta-se às 6h.30 da manhã (no Verão é dia desde as 5h) e sai de casa às 7h.30, para chegar ao emprego às 9h! Praticamente tem 15 minutos para almoço (o habitual por cá...) e depois sai, uns dias às 5h.30 pm, outros dias às 6h pm, ou mais tarde, conforme a conveniência dos serviços.

Também hoje, recebemos os parabéns dos amigos Estela e Fernando Ferreira, que nos anunciaram vão partir na próxima semana de férias a Portugal.

Dos muitos amigos de Portugal, recebemos um simpatiquíssimo mail do João Paulo Diniz!


Fim do Ano e Mudança de Casa

Conforme previsto, vamos mudar de casa no final de Dezembro e tão logo possa, dar-vos-ei a nova morada. Em princípio vamos mudar para North Sydney, do outro lado da baía de Sydney, isto é, do lado de lá da célebre ponte de Sydney Harbour (a ponte do porto de Sydney), que é (eu só o soube cá), a ponte mais larga do mundo, com oito faixas de rodagem em dois andares de tráfego rodoviário e de combóio.

A Bianca merece que a gente se mude para um local que fique mais próximo do local de trabalho dela e já que leva 1 hora e meia em transportes para lá e outra hora e meia em transportes para cá, mais o dinheiro gasto na gasolina (até à estação de combóio) e no “passe” do combóio (cerca de 200 dólares por mês – mais ou menos 40 contos – 200 euros), a mudança será também uma excelente medida económica.

Andamos a ver casas, em especial apartamentos, e de momento só temos de escolher entre duas ou três hipóteses.

Entretanto, já decidimos não passar a noite de fim de ano na CBD, isto é, na baixa de Sydney, onde o ano começa (como se vê sempre nas televisões) com um fabuloso espectáculo de fogo de artifício, pois este ano espera-se muito calor, o que significa milhares e milhares de gente e a maioria com grandes bebedeiras...

E como não suporto bêbados, nem estou para aturar bebedeiras (ainda por cima em inglês...), achei óptima a sugestão da Bianca de se procurar uma alternativa... quanto mais não seja em casa, calmamente a ver televisão... quem sabe a ver a emissão da RTP, 11 horas mais cedo, isto é o noticiário das 13h de Lisboa, que normalmente abre com o locutor de escala a dizer “O ano já entrou na Nova Zelândia , nas Samoas e em Sydney, onde mais uma vez, o fogo de artifício inundou a baía de Sydney com um magnífico festival de milhares de efeitos a que assistiram milhares de pessoas que festejaram a entrada do ano gritando e dançando ao ritmo de Carlos Santana...”

Pois... em princípio ele vem cá assistir e actuar à entrada do 2013!

Volto a dar notícias no meio de Janeiro, quando já estivermos devidamente instalados na nossa casinha!

Beijos e abreijos. “Inté”
Luis Arriaga
Sydney a 22 de Dezembro de 2012.






ANEXO
Porque considero o Durão Barroso um canalha do pior...

Fui colega dele nos anos 70 na Faculdade de Direito em Lisboa.
Nessa altura, estudantes universitários, com cerca de 20 anos, é suposto que já temos a nossa personalidade formada, já somos adultos, já sabemos o que queremos da vida, já temos uma noção forte do que queremos ser e fazer. Já se é o que hoje somos...
Pois este traste, hoje do PSD e Secretário Geral da União Europeia, dirigente de destaque nesta Europa doente, era acérrimo militante comunista de extrema-esquerda, do MRPP, defendia cegamente a entrega do poder político às classes operárias, defendia a chamada “ditadura do proletariado” e achava que a Albânia, cujo dirigente era o ditador sanguinário Enver Hoxa, era o melhor dos dirigentes e sendo Tirana a capital desse horrível e paupérrimo país, com uma só rua alcatroada, ele achava que Tirana era o melhor dos locais para se viver, considerava a Albânia o modelo político da democracia e ambicionava ter um dia o poder para transformar todo o ocidente numa grande Albânia...
Pelos vistos, acreditaram nele e agora está mesmo a transformar a Europa, arrastando-a para o desfiladeiro, o modelar exemplo albanês...
Durão Barroso era destacado dirigente estudantil do MRPP, cujo grupelho estudantil era conhecido por “Ousar lutar, ousar vencer” e atacava preferencialmente os estudantes ultramarinos, acusando-os (só aos brancos...) de serem colonialistas e racistas, ignorando todas as razões que lhe pudessem ser apresentadas, perseguindo-os, forçando com ameaças a que alguns deixassem de ir almoçar à cantina universitária, fazendo-os passar fome, uma vez que o dinheiro disponível não dava obviamente para que nos socorressemos dos restaurantes existentes. 
Do mesmo grupo fazia parte uma tipa horrível, feia e complexada, actualmente muito famosa e que também se farta de “cagar sentenças” – a Maria José Morgado – agora viúva de um fiscalista que também foi dirigente do MRPP, Saldanha Sanches, outro filho de puta maoísta, que organizava assaltos e sequestros a estudantes e empresas, falso proletário, menino rico, de famílias abastadas.
Mais tarde, este “distinto” dirigente proletário, Durão Barroso, (daqueles que vão tão à frente da classe dos trabalhadores, tão à frente, tão à frente... que as classes trabalhadoras já nem o vêem...), aparece no PSD, o que, segundo alguns íntimos dele confessam, vai servir para manipular e desestabilizar o Partido Social Democrata.
A verdade é que vai impunemente fazendo carreira por lá, é apadrinhado pelo actual presidente da república Cavaco Silva, junto de quem se insinuou, vai trepando, vai subindo e a certa altura, é nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, obtém apoios consideráveis e após uma crise, decide candidatar-se com explícito apoio de outros ex-militantes do MRPP – que entretanto haviam tomado de assalto o aparelho do PSD – ao cargo de 1º Ministro, caso o PSD ganhasse as eleições.
Assim acontece, e a história recente é conhecida por todos: após estar como 1º Ministro, não fez a ponta de corno e a dado passo abandona o governo, deixando o país numa situação caótica, somente para que todos suportássemos a ascenção da sua carreira na União Europeia, onde através de manobras de igual teor internacionalista (de antigos dirigentes europeus provenientes, como ele, de partidos de extrema esquerda), é eleito para o cargo que ainda hoje vergonhosamente desempenha na União Europeia.
Em Portugal, sucede-lhe o playboy Pedro Santana Lopes, inexperiente e incompetente, que na primeira ocasião de aflição não se aguenta e permite ao presidente Jorge Sampaio, (também ex-comunista do MES), correr com ele e convocar eleições antecipadas, que abriram a porta ao corrupto e escandalosamente incompetente Sócrates, que após seis anos de péssima governação deixou Portugal absoluta e inequivocamente de rastos...
Veja-se bem a perversão das manobras maquiavélicas a que o país esteve sujeito estes anos, só por influência directa desse canalha do Durão Barroso, que é de facto, quem está na génese de toda a tramóia montada.
Para ele não existe senão o seu imenso ego, a sua tremenda ambição e a sua destemida coragem para enfrentar e enganar seja quem for para levar os seus objectivos pessoais por diante, não hesitando em mandar calar, anular ou até fazer desaparecer, quem ouse opor-se-lhe!
O próximo passo vai ser a sua nomeação para Secretário Geral das Nações Unidas, após a saída (no próximo ano), de Bank Hi Moon, o sul coreano que não está a fazer um lugar muito desejável e que não será reeleito, mesmo que se candidate à reeleição...
Haverá vários candidatos, mas Durão Barroso já fez constar que pretende apresentar a sua candidatura para o lugar. A sua ambição é desmedida.
Mas... já existe muita gente informada e convém prosseguir esta ingente tarefa de ir informando o maior número possível de pessoas, mesmo que nos pareça que cada um possa não ter influência alguma no processo.
Os americanos e os australianos já o conhecem, já sabem quem é este traste e certamente aparecerão outros candidatos com mais fortes apoios e melhor posicionados para tolherem o caminho a este rapazinho tão arrogante e ambicioso.
A terminar, permitam-me que vos conte uma “estória” vivida pessoalmente comigo e com esse bandalho que detesto, que dá pelo nome de Durão Barroso.
Houve um tempo em que a corja do MRPP tomou de assalto a cantina universitária e na ocasião proibiram a entrada nela dos universitários ultramarinos (só dos brancos, claro...) e chegaram ao ponto de sequestrarem alguns desses ultramarinos brancos a quem efectuaram um “julgamento revolucionário”. Chegaram a mandar das varandas do 1º andar um desses estudantes, hoje Juiz.
Ele partiu uma perna e apanhou um cagaço que nunca mais apareceu na cantina e interrompeu os estudos durante dois anos.
Corria o intrépido ano de 1975!
Eu era dos mais afoitos e embora a namorada de então se tivesse disponibilizado para que eu fosse almoçar ao Colégio das Doroteias (só para raparigas...), perto do Estádio José Alvalade, eu decidi enfrentar aquele gang de bandidos e (com outros igualmente destemidos ultramarinos), cá de fora das instalações da cantina universitária chamávamos todos os nomes aos palhaços do “ousar lutar, ousar vencer”. Tinhamos um discreto apoio da Juventude Comunista do PCP – a UEC! Esses tinham arranjado um epíteto ao Durão Barroso – o “potente olhar” – uma vez que ele tinha um defeito no olho esquerdo, de que já foi operado na Suissa – era um olho torto, pelo que os “Ueques” o baptizaram, como já referi, de “o potente olhar”.
Bom... prosseguindo, de fora da cantina, lá íamos atirando umas pedras e proclamando os nossos argumentos, enquanto lhes chamávamos nomes feios, dos quais “oh potente olhar, és um filho da puta” era o mais suave...
A dado passo, o Durão Barroso e seus apaniguados sairam da cantina, armados com paus e facas e foram a correr atrás de nós.
Nesse tempo, eu tinha compleição física e estava habituado a correr.
Partimos em diferentes direcções, como recomendavam as regras africanas de fuga, prejudicando assim a perseguição!
Eu tive a sorte de ir por detrás da Faculdade de Direito (onde era colega dele) e fui pelo mato (nesse tempo era mesmo mato, até à Av 28 de Maio, hoje Av.do Movimento das Forças Armadas) e fui pelas “picadas”em direcção ao local onde vivia – o Colégio Universitário Pio XII, na época dirigido pelo saudoso “Pias”, o Padre Joaquim Aguiar.
Cheguei à frente e subi de imediato ao quarto de esquina, no 1º piso, do colega de medicina Jacques Pena (hoje médico distinto) e cujo hobbie era a modalidade de tiro com espingarda.
Aliás, ele chegou a representar Portugal nuns Jogos Olímpicos na modalidade Tiro! (acho que em Moscovo, não me lembro em que ano... talvez 1980???).
Eu sabia onde o Jacques guardava as armas e quais as que estavam com munição! Fui para a janela do quarto dele e ainda assisti à chegada dos meus perseguidores, entre os quais esse canalha do Durão Barroso!
Eram três ou quatro que vinham atrás de mim, dado que eu era um destacado inimigo e dos mais enfurecidos... Se me tivessem apanhado... eu era para abater... (provavelmente hoje estaria morto...).
Quando considerei que estavam à distância regulamentar comecei a disparar e creio até que o Durãozinho levou com umas quantas chumbadas naqueles cornos!!!
Evidentemente que a coragem revolucionária deles cessou de imediato e os “destemidos” “perseguidores do proletariado”, viraram 180º e puseram-se a cavar dali antes que a coisa azedasse mais ainda!
Até hoje, recordo com emoção e orgulho pessoal, ter sido provavelmente o único português a balear com verdadeira intenção e ainda hoje não me arrependo de tal, só lamentando não o ter anulado para sempre....
Agora já perceberam o amor que lhe tenho?

Luis Arriaga – Sydney, aos 22 de Dezembro de 2012

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