Confesso
que nunca a ouvi e não sei se é de boa, ou má qualidade! E não a ouvi, não por
má vontade, mas porque é audível unicamente por internet, mas em lugar de ser de
sintonia gratuita, imagine-se, tem de se pagar uma valente taxa anual –
resultado: ninguém a ouve! Não só porque é pouco usual escutar-se rádio por
internet (há quem o faça, mas não é prático, nem comum), mas ainda por cima a
ter de se pagar...
Contudo,
procurei contactar o responsável, o dono da Rádio de Portugal, aqui em Sydney,
um tal Ilídio Teixeira. Falei com ele ao telefone, disse-lhe quem era e que
gostava de o contactar pois poderia de alguma forma colaborar e acrescentar uma
mais-valia às suas emissões. Combinámos dia e hora.
No
respectivo dia, levantei-me às 5h30m da madrugada, dada a distância enorme a
que tudo fica aqui de tudo e a Bianca levou-me lá para que eu não falhasse tal
encontro.
Quinze
minutos antes das 10h já eu estava à porta da emissora – um bêco escuro e com
mau aspecto, num bairro pobre e de difíceis acessos. Esperei até às dez horas e
então decidi ligar pelo móvel para o tal Sr. Ilídio Teixeira a avisá-lo que já
ali estava, uma vez que a rádio nem campainha tinha à porta! Atendeu-me à 2ª
tentativa e disse-me que não estava, porque tivera de se deslocar a um cliente
e que lá iria estar o dia todo. Insisti que o encontro estava combinado
para aquele dia e aquela hora e então o
desatento Sr. Teixeira prometeu que a seguir ao almoço talvez estivesse de novo
pela rádio e na ocasião me ligaria para se recombinar novo encontro.
Disse
à Bianca que em Portugal as pessoas nem sempre estão atentas às horas, não são
pontuais e que estas faltas de educação não assumem a importância que assumem
nos países anglo-saxónicos. Ela protestou e com razão, eu sorri e disse-lhe que
nem sequer acreditava que o homenzinho me voltasse a ligar!
Oh!
Só não acerto nos números da lotaria! Há mais de um mês que esta cena se passou
e até hoje... nem um telefonema, nem a atenção de uma desculpa, nem um Sms,
nada! Coisa nenhuma!
É
assim a Rádio de Portugal em Sydney! Lamento ter de vos contar isto, mas a
imagem de Portugal cá, é deveras rafeira, rasteira e desvalorizada. Porquê? Por
causa de tipos como este, por causa da total falta de apoio do governo
português, por causa de uma política de total abandono a que culturalmente se
vota os nossos emigrantes. Pelo somatório de todas essas circunstâncias.
De
Portugal, aqui só se conhecem meia-dúzia de nomes do fado, a fama do velho
ditador Salazar, o Eusébio e agora mais recentemente o Cristiano Ronaldo, que
vem referido de cada vez que marca um golo ao serviço do Real Madrid. Os mais
desatentos, ou pouco ligados ao soccer
(futebol), até acham que ele é espanhol...
É
realmente muito pouco para uma nação que tanto deu ao mundo e que tanto fez e
lutou pela Humanidade. É muito curto para quem já foi tão grande! Por isso
estou cada vez mais convencido que, à semelhança de outros grandes impérios da
antiguidade, como a Pérsia, a Grécia, a Roma antiga, etc., tambémPortugal está
decadente e no fim dos seus tempos. A glória já se foi, qualquer dia seremos
despojados da dignidade e restar-nos-á afirmarmos que somos ibéricos e que con salero, hablamos el castellano!
Lamento
amigos. Lamento mesmo profundamente esta queda sem remissão!
E
a culpa não é do Sócrates, ou do Passos Coelho – esses são simplesmente os
agentes funerários de serviço...
Feira
de Macau
Em
Sydney, há sempre motivos para se festejar e são constantes as exibições que
divulgam este e aquele local, promovendo-se o turismo. Desta feita foi Macau
quem marcou presença, num dos locais mais distintivos desta bela cidade.
Eu
e a Bianca lá fomos ver Macau pelos olhos dos actuais cidadãos desse antigo
protectorado português.
Gostámos
e até concorremos a um prémio de dois bilhetes de ida e volta com estadia em Macau
em hotel de cinco estrelas. Gostei de ver que o símbolo do Gabinete de Turismo
de Macau mantém as cores do pavilhão português, gostei de ver que convidaram um
Rancho Folclórico português para animar a festa, gostei de ver que se promovem
as pérolas arquitectónicas que lá deixámos como marca de uma presença de cinco
séculos de história e gostei de ver que Goa se associa e mantém a legítima
portugalidade a que nos habituámos a ter... de parte a parte!
Não
gostei nada de ver que numa das tendas de Macau se anunciasse a Casa do
Chouriço, escrito em castelhano e apresentando (como se vê nas fotografias que
tirei), as especialidades tão tipicamente espanholas como se Macau tivesse sido
colónia espanhola! Tive pena, até porque a colonização portuguesa sempre se
demarcou do estilo violento e segregacionista da colonização espanhola e tal
confusão não honra a nossa memória.
Pena!
Catbury
Todos
conhecem o meu amor e a minha paixão por gatos. Todos sabem como lamentei não
ter podido trazer para Sydney a minha gata Kitty, que ficou (e bem) com a minha
amiga Carla Santos que a estima e acaricia, como lhe pedi. Não trouxe a Kitty,
porque infelizmente o período de quarentena é aqui de sete meses, o que é uma
violência que no caso de determinados animais (o caso dos gatos domésticos, por
exemplo), lhes pode ser fatal.
Eu
compreendo que as autoridades australianas façam isso para desmotivar os donos
de gatos de os trazer para cá e eventualmente os abandonarem – coisa que infelizmente
sucede com alguma criticável frequência e que tem motivado desequilíbrio
ecológico, na medida em que os gatos, não tendo aqui predadores, têm acabado
com algumas espécies naturais, como os casos de determinados passarocos
indígenas que se extinguiram por via da acção predadora dos felinos.
Mas
sete meses... é demais! Isso representa em termos humanos algo como quatro anos
de reclusão e afastamento dos donos, sem conhecimento dos motivos do “castigo”
e sem que haja possibilidade de recurso da “pena” imposta!
Enfim,
perante a enormidade, eu decidi não trazer a Kitty (que está bem, felizmente e
se habituou à nova família) e entretanto, aqui em Sydney adoptámos um gato que
deve ter sido abandonado e a quem baptizámos de Catbury... em homenagem aos deliciosos chocolates Cadbury.
Ei-lo orgulhoso e feliz nas fotos do
blogspot:
The
Senior
Quanto
aos jornais portugueses... a mesma tristeza, a mesma insuficiência crónica, os
mesmos males, os mesmos vícios, a mesma falta de qualidade! E o que é mais
triste, é que se acham satisfeitos, não querem mudar, não consideram que valha
a pena evoluir! Panorama decrépito, sobretudo quando se compara com o que se
passa com outras “colónias” emigrantes, em particular espanhóis, franceses e
sobretudo italianos – deveras os mais prestigiados e eficazes de todos.
E
por falar em jornais, há dias, passeando em Parramatta, deparei-me com uma
publicação semanal com a dimensão do nosso Expresso e com o título The Senior.
De distribuição gratuita, peguei nele e folheei-o com interesse, admiração e
inveja...
Um
jornal com magnífica qualidade gráfica, editorial e com muitíssima publicidade,
especialmente elaborado para a chamada Terceira Idade, isto é, os que têm mais
de 65 anos e que são, na maioria dos casos, quem tem maior disponibilidade
temporal e que ainda detêm poder de compra efectivo. Excelente ideia que bem
poderia ser explorada entre nós! Não digo a nível concelhio, mas a nível
nacional.
Fica
a sugestão para amigos como o José Jorge Letria, o Jorge Carnaxide, o JoãoPaulo
Diniz, que são personalidades inteligentes, que sabem escrever e têm gosto
nisso, tipos cultos, com iniciativa e sentido comercial. Take a chance...
Os
meus “diabretes”
Sei
que se escreve Diabetes, mas eu resolvi chamar-lhes “diabretes”! Eles
continuaram a sua contínua actividade de degradação da minha saúde e não foi
por me ter mudado para a Austrália que iriam abrandar...
A
Bianca, sempre preocupada decidiu (e quem seria eu para a contrariar), levar-me
a um médico local. Aliás, tal medida não só se revelava conveniente por
questões profiláticas, mas também a Emigração australiana exigia um Relatório
Médico local – não aceitam relatórios feitos por médicos estrangeiros, sejam
eles de onde forem... – lá terão as suas razões...
Fomos
à baixa (CBD) e num edifício daqueles com 70 ou 80 andares, entrámos numa
clínica particular, dirigimo-nos à recepção e dissémos que ali estávamos para
que eu fosse consultado por um médico – há permanentemente vários médicos de
serviço e que atendem por ordem de chegada os diversos pacientes, não havendo
necessidade de marcação prévia.
Calhou-me
um médico de origem chinesa, um tal Dr. Hilton Lowe, que pacientemente escutou
todas as queixas e relatos feitos por mim e pela Bianca, que atalhava para um
melhor entendimento do meu inglês macarrónico. Claro que o foco da maleita eram
naturalmente os Diabetes!
Ao
contrário da medicina praticada em Portugal, em que o médico atalha com um
ataque específico à doença em causa, como se a doença não estivesse ligada a
todo um sistema global, este Dr. Hilton, mandou-me fazer análises e disse-me
que voltaria a consultar-me logo após!
Pensei:
bom... vou ter de voltar cá outro dia e perder tempo...
Nada
disso! As análises foram feitas de imediato no mesmo consultório e os
resultados foram dados de imediato, (meia-hora depois), para que a consulta
subsequente prosseguisse ainda nessa manhã!
Wouau...
aqui é realmente diferente!
Com
os resultados na mão, o paciente Dr. Hilton Lowe, sorriu e disse-me que embora
a medicina dos países do western (países ocidentais), não considerassem tal
hipótese, muitas vezes as diabetes são possíveis de curar, ou reduzir,
simplesmente reequilibrando os minerais existentes no nosso organismo. Segundo
ele, era esse o meu caso, e seguindo uma estrita dieta alimentar, abandonando a
maioria dos tradicionais medicamentos que trouxera de Portugal e tomando
diariamente um reforço de vitaminas naturais, o equilíbrio perdido voltaria
naturalmente a instalar-se, os índices de glicémia reduzir-se-iam e as diabetes
regrediriam para níveis aceitáveis em cerca de seis meses.
Aviei-me
de medicamentos nessa mesma clínica e embora deixando uma nota preta (... algo
como cem contos, i.e. quinhentos euros...ao todo), lá me fui embora. Hoje, três
semanas passadas, deixei de tomar 90% dos medicamentos que o Dr. Henrique Pedro
me receitara, perdi sete quilos e as diabetes estão a baixar, estão a ficar
controladas, estando na expectativa de deixar de ser insulino-dependente
provavelmente daqui a cinco ou seis meses!
Um
dos medicamentos mais agressivos que eu tomava – o mais consumido pela
população portuguesa, o Omeprazol – para os refluxos, deixei de o tomar,
simplesmente por acção dos suplementos vitamínicos que o Dr. Hilton Lowe
receitou.
É
uma pena que a medicina ocidental (os nossos médicos em geral) - com todo o
respeito e admiração que lhes tenho – insistam em ver o paciente só na
perspectiva mercantil e atacando a doença sem a preocupação de analisar o todo!
Mesmo
que não fosse por mais nada... já teria valido a pena ter vindo à Austrália!
Estou
grato à Bianca pela insistência em consultar um médico aqui em Sydney e ao Dr.
Hilton Lowe que passou a ser o meu “médico de família”!
Senhora
portuguesa
Quando
fomos à clínica, para a consulta do Dr. Lowe, deixámos passar a normal hora de
almoço, para não atrasar as voltas e eventualmente ter de voltar
propositadamente à clínica e não almoçámos à hora do costume. Assim, decidimos
comer qualquer coisa num “bistro” do lounge
do edifício onde está instalada a clínica, escolhemos ao acaso um dos muitos
balcões disponíveis e quando eu e a Bianca começámos a olhar para o que restava
(já eram 15 horas e a hora de almoço já lá ia há muito...), íamos comentando o
que viamos e hesitando entre este e aquele prato, ouvimos uma voz simpática que
vinha de dentro do balcão: - “para este senhor que é português, o melhor é este
prato!” Caímos de espanto! A sugestão era inaceitável (massa com carne de
porco), mas achámos imensa piada e obviamente não resistimos a estabelecer um
diálogo entre compatriotas! Ela trabalhava naquele restaurante, está na
Austrália há mais de vinte anos, veio do Porto e acabou por sugerir uma salada
deliciosa com vegetais e queijos!
De
repente, aqui, ou mais ali, está sempre um português, saudoso da nossa língua e
atento aos relatos que trazemos do que se vai passando na nossa terra! Nem
todos falando correctamente um português já meio esquecido e que se mistura com
o inglês, mas absolutamente perceptível! Do tipo “Ah eu estou cá about vinte
anos, but I miss Portugal muito, muito. Sim gosto de estar em Sydney, it’s not
bad, aqui ganha-se very well, já cá tenho a family, e não sei quando voltarei à
terrinha!”
É
emocionante e só passando por situações como a que relatei, é que se sente na
espinha aquela saudade que dói por dentro e que se cala fundo para se não
romper em prantos pela rua fora.
É
que tudo isto é bonito e bom, mas a simples certeza de que se está do outro
lado do mundo, a mais de 20.000 quilómetros, e se não pode voltar senão daqui a
uma série de anos, porque as viagens são caras e porque a vida não permite que
todos os anos se possam tirar férias de quatro, cinco, ou seis meses, tudo isto
contribui para que a marca da tradicional saudade portuguesa se sobreponha à
racionalidade e nos inunde os olhos de lágrimas com o sal do mar de Portugal,
como referia Fernando Pessoa...
Sopa
à Portuguesa
Por
cá, os costumes gastronómicos são diversos, mas regra geral, come-se muita
verdura e existe o hábito de quase os não coser, dando-lhes somente uma
ligeiríssima fervura e os vegetais são deglutidos quase crus, para lhes manter
as propriedades e o sabor!
Com
a multiplicidade de culturas e hábitos alimentares tão díspares, volta e meia
assaltam-me as recordações da boa cozinha à portuguesa e de alguns pratos que
registei na memória do palato e do estômago lusitano! Não protesto, que seria
indelicado, mas penso “caramba, aquela sopa de peixe da Maria José, eh pá e
aquele bacalhau à Zé Pinheiro, eh pá que saudades, e o peixinho da
Parreirinha...”
Há
bem pouco tempo decidi aventurar-me na cozinha e escolhi para uma primeira experiência
gastronómica confeccionar uma Sopa de Alho francês!
Eu,
que nunca cozinhei coisa nenhuma e nunca tive o gosto dos cozinhados, ali
estava armado em cozinheiro, perante a expectativa criada entre os membros da
família de filipinos com quem partilhamos a casa! A Bianca estava admirada com
o meu atrevimento e os filipinos (que são, como os portugueses, amantes de boa
cozinha), estavam naquela – bom vamos ver que coisa vai desarrincar este tuga
que fala das sopas à portuguesa! Aqui, quase se não come sopa e as poucas que
se comem são orientais com os tais legumes quase crus, ou “crocantes” como
preferem titular os pobres australianos que não fazem ideia de como sabe a boa
cozinha portuguesa...
Resumindo,
fiz uma sopa de Alho francês com cebola, batata, sal, azeite, que não bati no
final, tendo preferido deixar os legumes quase inteiros e dando um toque final
com um pedacinho de natas por cima da sopa já completa, à qual juntei coentros
(esses sim, crus)! Bom... até choraram por mais! Escusado será dizer que agora,
(bem me lixei), volta não volta, todos me perguntam quando é que faço outra vez
the Portuguese Soup.
Neve
nas Blue Mountains
Para
quem vive em Sydney, as Blue Mountains, são uma espécie de Sintra! É um passeio
ali à mão de semear, a menos de cem quilómetros de distância. Casinhas sempre
bem arranjadas, com chalés e paisagens de espantar, com quedas de água,
especialidades gastronómicas, bolinhos, fotografias, sítios de eleição para a
criançada brincar, locais românticos... Estão a ver o género, não é?
A
12 de Outubro, isto é, um dia antes do meu casamento, e no meio de um calor dos
diabos, aconteceu o imprevisto – veio um frio inesperado, cortante, a
temperatura veio repentinamente dos trinta graus para dez, onze!
Nas
Blue Mountains nevou e o vento soprou de oeste fazendo a temperatura baixar
brutalmente. Choveu e começámos a ver que todos os planos de vestimenta do
casamento teriam de sofrer alteração de última hora!
Nobel
da Paz à União Europeia
Também
a 12, um frio me percorreu a espinha quando foi anunciada a atribuição do Nobel
da Paz à Comissão que preside aos destinos da União Europeia. Engoli em seco e
quando nada fazia prever a atribuição de tal prémio a gente como a senhora
Merkl, Durão Barroso, e companhia, pimba... surge a notícia! Arre, não bastava
já o frio das Blue Mountains, vem agora este raio desta notícia inesperada!
Achei
injusto e sobretudo, depois da ignóbil, injustificada e inesperada atribuição
(há dois ou três anos), do mesmo prémio, ao Barak Obama, só porque ele acabara
de ser eleito presidente dos Estados Unidos, eu estava por tudo! Ainda bem que
já não era vivo o Bin Laden... Um destes anos correríamos o risco de o ver
laureado com o Nobel da Paz...
Confesso
que deixei de perceber quais os argumentos válidos para a atribuição de tal
distinção considerada unanimemente o título supremo da genialidade humana.
Como
é possível equiparar a União Europeia nos seus esforços para a Paz com os
desempenhos de Ghandi, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá, João XXI,
ou o bom velho Mandiba, Nelson Mandela, etc.?
Insólito,
incongruente, controverso, revoltante, perturbador... são adjectivos
aplicáveis!
Com o Dr. Ramos Horta em Sydney |
Ramos
Horta
Por
intervenção directa da Embaixadora da Boa Vontade, Drª Estela Ferreira, minha
amiga, esposa do empresário português Fernando Ferreira, benemérito de Timor,
residentes em Sydney, consegui que se marcasse um encontro para dia 16 de
Outubro no Hotel Sofitel, com o Dr. Ramos Horta, dirigente timorense, laureado
em 1996 com o Nobel da Paz.
O
encontro foi marcado para as 9 horas e eu sabia que Ramos Horta era
pontualíssimo e intransigente para com as faltas de pontualidade!
Ainda
não eram 8h30m já eu estava no lobby do requintado hotel da baixa de Sydney.
Na
mão levava o meu Ensaio sobre a “Avaliação Matemática da Conflitualidade entre
Pré-Beligerantes” – base da minha Tese de doutoramento em Ciência Política – e
a esperança em interessar aquele homem fascinante sobre a matéria em causa.
Esperava
encontrar um homem cheio de importância e encontrei um homem simples e muito
prático e humano, nada vaidoso, esvaziado de arrogância e daquela importância
de que se vestem alguns políticos portugueses...
Pontualmente
às nove horas ele desceu as escadas do hotel e abeirou-se de mim,
cumprimentando-me como se nos conhecessemos há anos! E lá estivémos uma hora e
meia à conversa sobre mil e uma coisas.
Depois
de ter abandonado a vida política timorense, Ramos Horta quer contudo, abraçar
outros projectos, a outra escala, dedicar-se na mesma à Paz, mas virando os
seus esforços para a Ásia. Afinal o seu país, Timor-Leste, é um país asiático!
Estava
em Sydney, talvez vindo prestar apoio visível à candidatura australiana para o
Conselho de Segurança da ONU, cuja votação iría decorrer na 6ª feira dessa
mesma semana.
Ramos
Horta acabou por confidenciar que estaría interessado em ser eleito
Vice-Presidente de um Comité para a Paz e Reconciliação dos Países da Ásia,
comité que ele próprio ajudara a criar. Talvez com sede em Bangkok. E foi
desenrolando comentários e descrições, “estórias” e projectos que teve a
gentileza de partilhar comigo.
Fiquei
a saber que aos 20 anos ele fora jornalista exilado pelo regime em Moçambique e
foi destacado pelo jornal de Lourenço Marques – o Diário – ligado à igreja
católica – para fazer uma entrevista ao então chefe do estado-maior general das
Forças Armadas do território, General Kaúlza de Arriaga, responsável pela
operação Nó Górdio, que estava na ocasião a iniciar-se no norte de Moçambique,
numa fase em que a guerra colonial contra a Frelimo ganhava um novo fôlego
estratégico. Contou-me que foi num avião militar, da Beira para Nampula e daí
para Mueda (talvez) e que curiosamente acabou por, a seu pedido, entrevistar a
bordo, o general que o recebeu com simpatia e total abertura, prestando todas
as informações solicitadas. Ramos Horta quis saber se Kaúlza era meu parente,
que laços nos ligavam e não teceu comentário nenhum que desvalorizasse o já
falecido general, tantas vezes acusado de atrocidades e (quanto a mim
injustamente) classificado de fascista. Pelo contrário, Ramos Horta teceu um
rasgado elogio à memória do já falecido chefe militar.
Apreciou
a ideia do meu trabalho, prometeu ir estudá-lo e depois dizer qualquer coisa,
uma vez que o tema lhe interessava muitíssimo e seguramente a sua validade
seria útil e teria aplicação prática no âmbito do Asian Comittee for Peace and
Reconciliation.
Com
o maior orgulho me prestaria trabalhar ao lado de Ramos Horta em Bangkok, ou em
qualquer outra cidade, para a Paz e Reconciliação dos povos deste mundo, pondo
ao dispor da Humanidade os frutos daquele meu trabalho científico, objecto de
mais de vinte anos de pesquisas.
Adorei
conhecer e privar com esse expoente dos meus contemporâneos, o Dr. Ramos Horta.
Austrália
no Conselho de Segurança
No
final dessa semana decorreu a votação na Assembleia magna das Nações Unidas e,
para surpresa de muitos, a Austrália foi mesmo eleita para o Conselho de Segurança da ONU,
por dois anos, fazendo agora parte do orgão supremo para o estabelecimento e
manutenção da paz no mundo. São cinco os países com assento permanente nesse
Conselho – os Estados Unidos, A França, a China, a Rússia e o Reino Unido
(resultado ainda de decisões tomadas no final da 2ª Grande Guerra). A esses
cinco juntam-se, de dois em dois anos, mais cinco outros países que são
votados.
Sobre
a Austrália pendeu sempre uma certa ideia de Crocodile Dundee (talvez devido ao
estrondoso êxito que o filme fez), mas a verdade é que as pessoas têm, no seu
íntimo, um pouco a ideia de que os australianos são todos como o herói da fita!
E a Austrália de hoje é muito diferente! A Austrália dos dias de hoje é uma
potência. O mundo percebeu finalmente e assim, países como a Finlândia e a
Polónia saíram derrotados.
Os
novos membros do Conselho de Segurança, para além da Austrália, são o
Luxemburgo, a Argentina, Coreia do Sul
(de onde é aliás o actual Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon) e,
surpreendentemente, o Rwanda!
Digo
surpreendentemente, e acho que essa é que foi a notícia do dia, porque ainda há
dez anos esse país pobre do leste de África foi testemunha de uma luta
fratricida onde elementos da etnia Hutu chacinaram mais de um milhão de irmãos
da tribo rival dos Tutsis.
A
verdadeira notícia constituiu, portanto e a meu ver, a elevação do Rwanda a
membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, conferindo a esse Conselho
uma dimensão política arrojada e que não deixará de constituir uma gloriosa
página na confiança que o Conselho confere aos seus membros designados. Fez-se
História!
O
que está em cima...
Há
poucos dias recebi por mail uma mensagem interessantíssima de um homem de quem
tenho o privilégio de me ter como amigo – o Coronel João Fernandes – Mestre
Maçom, que na sua mensagem sob a epígrafe O
QUE ESTÁ EM CIMA É COMO O QUE ESTÁ EM BAIXO, explicava
de uma forma fechada, uma verdade esotérica que se consubstancia no facto de
que não há nada encoberto que não venha
a descobrir-se, nem há nada escondido que não venha a saber-se. Por isso, tudo
o que vocês disserem na escuridão (TREVAS), será ouvido à luz do dia (LUZ), e
aquilo que segredarem dentro de casa (TEMPLO) será apregoado em cima dos
telhados.
Fazia
ele, um oporttuno comentário à desastrosa acção dos nossos políticos em
Portugal. Tomo a liberdade de a referenciar agora aos meus dedicados amigos,
tal pensamento, que tem direitos de autor!
By
the way, e vem de facto a propósito, gostaria de aqui destacar uma carta que um
enfermeiro português, também emigrante, teve a frontalidade de escrever ao Presidente
da República e que aqui transcrevo com a minha elevadíssima e devida vénia:
|Pedro Marques,
enfermeiro português de 22 anos, emigrou quinta-feira de madrugada para o Reino
Unido, mas antes despediu-se, por carta, do Presidente da República e pediu-lhe
para não criar "um imposto" sobre as lágrimas e sobre a saudade.|
"Quero
despedir-me de si", lê-se na missiva do enfermeiro portuense, enviada hoje
a Cavaco Silva e que tem como título "Carta
de despedida à Presidência da República".
O
enfermeiro Pedro Marques, que diz sentir-se "expulso" do seu próprio
país, implora a Cavaco Silva para que não crie um "imposto sobre as
lágrimas e muito menos sobre a saudade" e apela ao Presidente da República
para que permita poder regressar um dia a Portugal."Permita-me chorar,
odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país,
trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do
cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia", lê-se.
Em
entrevista à Lusa, Pedro Marques conta que vai ser enfermeiro num hospital
público de Northampton, a 100 quilómetros de Londres, que vai ganhar cerca de
2000 euros por mês com condições de progressão na carreira, mas diz também que
parte triste por "abandonar Portugal" e a "família".
Na
mala, Pedro vai levar a bandeira de Portugal, ao pescoço leva um cachecol de
Portugal e como companhia leva mais 24 amigos que emigram no mesmo dia. Mónica
Ascensão, enfermeira de 21 anos, é uma das companheiras de Pedro na diáspora. "Adoro
o meu país, mas tenho de emigrar, porque não tenho outra hipótese, porque quero
a minha independência, quero voar sozinha", conta Mónica, emocionada,
pedindo ao Presidente da República e aos governantes de Portugal para que
"se preocupem um pouco mais com a geração que está agora a começar a
trabalhar". "Adoraria retribuir ao meu país tudo aquilo que o país
deu de bom", diz, acrescentando que está "zangada" com os
governantes, porque o "país não a quer mais" .Pedro Marques não
pretende que o Presidente da República lhe responda. "Sei que ser político
obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades.
Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo
ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho", lê-se na carta
de despedida do filho de uma família de emigrantes que se quis despedir de
Cavaco Silva.
Nada
a acrescentar – digo eu e subscrevo, assinando por baixo!
As
distâncias australianas
Não
quero que me acusem de supostamente falar da Austrália e estar para aqui a
emitir opiniões sobre a política portuguesa. Mas, ainda que emigrante, não
deixei de ser português e de querer bem à minha terra e aos que deixei lá longe
no torrão pátrio.
Posto
isto, quero reforçar que aqui, as distâncias são enormes e ainda há quem não
considere que seja demasiado andar duas horas a pé para ir de manhã para o
emprego e fazer mais duas horas de caminhada no regresso ao fim de um dia de
trabalho.
Da
casa onde vivo, até aos correios, por exemplo, é como da Malveira a Alcainça –
uns quantos quilómetros – talvez quatro, ou cinco – e há quem os faça
alegremente! Quer em Portugal, na gloriosa região saloia, quer aqui – eu
próprio. Habituei-me a caminhar e agora já não passo sem esse precioso
exercício físico, para lá e para cá!
Contudo,
a regra do caminhanço está bem evidente na distância que separa as estações de
combóio. Por estas bandas, não há Metro! Há combóios que ora andam por debaixo
de terra, ora por cima. A expressão Metro não existe e todos andam de combóio!
A distância entre estações nada tem que ver com a distância entre o Saldanha e
Picoas, por exemplo! Cá não há dessas bizarrias! Entre duas estações um combóio
a andar a 60 quilómetros hora (em média) leva cinco/seis minutos a chegar à
estação seguinte.
Para
se ter a dimensão da rede dos combóios de Sydney, deixem-me esclarecer-vos que
existem exactamente 362 estações que seguem em 15 linhas (direcções) diferentes!
Um
qualquer engano na escolha da linha a tomar, pode ser fatal em termos de
pontualidade. A reparação de um engano pode levar horas e provocar um distúrbio
irrecuperável na agenda de um indivíduo.
Entretanto,
com a mania do exercício físico que todos têm aqui, é frequente ver-se mamãs,
com carrinho de bébé, a fazerem caminhadas de quilómetros, ao longo dos
passeios largos e ajardinados que a cidade possui. Desde cedo que todos se
habituam a caminhar e a vencer as distâncias com um sorriso e muita estaleca!
Por
falar em estaleca...
Por
falar em Alcainça e por recordar a expressão estaleca (expressão que o meu pai designava com frequência para
referir alguém com uma vida, energia e ânimo acima do normal), gostaria de aqui
mencionar um jovem amigo, de 84 anos, residente em Alcainça, o meu amigo Amândio
Quinto, homem absolutamente ímpar e de quem me orgulho ter conhecido, e de com
ele ter privado, para vos contar que na véspera do meu casamento, na noite de
12 para 13 de Outubro, ele me telefonou propositadamente para Sydney,para me
desejar boa sorte e para referir que no dia seguinte, sábado, dia 13, dia do
meu casamento, ia decorrer na Malveira o habitual encontro de “jovens”, a que
diversas vezes me referi em notícias destacadas quer na Folha do Café, quer no
Jornal Daqui, ao noticiar o almoço mensal de dedicados malveirenses que
mensalmente se reunem para festejar a amizade e o facto de ainda estarem vivos
– e que Deus os mantenha por muitos e muitos anos a todos e de boa saúde! (O
mais novo era eu e o mais idoso já coleccionava para cima de 90 as anuidades
que a natureza lhe atribuira!)
Pois
estes meus amigos haviam decidido (e cumpriram), fazer um brinde em honra do
meu casamento às 13 horas desse sábado, dia 13 de Outubro. Eu ficara ciente
desse emocionante facto e agradeci sensibilizado ao meu inestimável Amândio
Quinto, mas julgando que a cena do brinde fosse mais retórica...
Passados
uns dias, já casado, e já vencida a fase da lua-de-mel, recebo novo telefonema,
novamente do meu amigo Amândio Quinto, a saber se tudo havia corrido bem, a
contar-me do referido brinde e a dizer que apesar de tudo ele evitara que se
concretizasse uma decisão tomada na ocasião e votada por unanimidade e que era
dali mesmo telefonar-se, àquela hora, para Sydney para me saudarem de viva voz!
E
dizia-me o meu amigo Amândio Quinto, que de repente fizera contas às dez horas
de diferença horária (e que agora, com o horário de inverno em Portugal passou
para 11 horas de diferença – aqui mais tarde) e impediu que, com o tal
telefonema, me interrompessem inapropriadamente, a noite de núpcias...
Achei
uma delícia! Isto sim, são amigos como já não há! No fim do telefonema,comecei
a chorar de comoção e de ternura, assustando inadvertidamente a Bianca que,
aflita, me perguntava se havia alguma má notícia de Portugal!
De
facto, àquela hora, 13h de Portugal, eram 23h de Sydney, e eu e a Bianquita
estávamos em pleno usufruto da noite de núpcias no Hotel Park Royal de
Parramatta, para onde fomos por 24 horas, uma vez que na 2ª feira seguinte, a
Bianca começava a trabalhar no novo emprego!
Mas
agora, vou contar-vos alguns detalhes do casório.
No casamento a 13 de Outubro de 2012
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O
Casamento
Nunca
percebi porque é que as noivas optam sempre por fazer no dia dos respectivos
casamentos, uns penteados especiais que, normalmente, lhes não favorecem os
semblantes, tornando-as diferentes do que são na grande maioria dos casos.
Estava
curioso de ver o que ia acontecer com a Bianca e felizmente reparei que ela não
tomara nenhuma daquelas frustrantes decisões de se refugiar num cabeleireiro
durante as seis ou sete horas que antecedem a cerimónia.
Combinaramos
que a cerimónia seria simples e os trajes smart
casual, isto é, nada de fatos, nem gravatas, nem roupa complicada. Tudo
simples e fresco a condizer com os 30 graus centígrados da Primavera Sydniense
(não sei se é assim que se diz, mas se não é... passa a ser!).
No
dia anterior o frio voltara a sério e quase desesperámos a pensar que teríamos
de rever as farpelas.
O
dia amanheceu solarengo e quente. Sunshine,
sunshine, super fun! De novo, quase 30 graus!
Dado
que aqui não pode haver atrasos, a pontualidade impera nas relações humanas e
ainda bem, ambos nos despachámos dentro dos parâmetros previstos e às 12 horas
estávamos ambos nas instalações previamente escolhidas para a boda – um salão
de festas da Comunidade Filipina em Sydney, no Bairro de Blacktown,
relativamente perto do local onde vivemos (Merrylands).
Tudo
estava preparado como haviamos planeado e a Bianca escondeu-se na casa-de-banho
das senhoras para não ser vista pelos convidados, antes do início da cerimónia.
Ambos escolheramos o púrpura (rôxo) como cor-padrão das nossas vestimentas e
assim, a decoração das mesas e de outros pequenos detalhes, era idênticamente
em rôxo.
O beijo
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O
Celebrante da cerimónia (representante oficial para a celebração civil do
casamento), Tim Addison, rodesiano de nascimento e com quem já haviamos tido
uma reunião preparatória, já estava presente, os convidados estavam
praticamente todos (com excepção de um casal – ele goês, filho de uma goesa e
de pai peruano, e a namorada, uma chinesa lindíssima de olhos verdes), os
padrinhos de ambos os lados, a Menorah, a Fada-Madrinha da Bianca, a Tora, tudo
pronto.
Faltavam
as alianças que ficaram retidas em Lisboa (na Alfândega... burocracias à
portuguesa, onde estiveram mais de um mês, concerteza a ver se encaixavam as
ditas alianças no tráfego de droga...), mas em lugar delas e já prevendo uma
portuguesice do género, tomei a iniciativa de adquirir dois anéis de plástico
por um dollar (ambos), anéis cujo valor material dedico às autoridades
portuguesas – porque o valor estimativo será sempre nosso com muita estima e
carinho – e dada a luz verde proveniente do homem do som – um velhote cheio de
genica e de vontade em colaborar, avisou-se a noiva e começou a tocar a marcha
nupcial, numa versão em tango, que é o ritmo musical de que a Bianca mais
gosta! É verdade, lá fui descobrir na Net uma versão em tango!!!
O
padrinho da noiva, Peter Thomas, de quem já vos falei na 1ª crónica das Terras
do Fim-do-Mundo, trouxe-a pelo braço, fazendo as vezes de pai da noiva e
entregou-ma no “altar” da cerimónia, um estrado elevado ao fundo da sala de
cerimónias.
Eu, a Bianca e os filhos Roxy e Ray
|
Comigo,
ao meu lado, muito sereno, estava o meu Padrinho, o empresário português
Fernando Ferreira, de quem também já falei na IIIª Crónica.
O
Celebrante deu início às prelecções da praxe, fez as perguntas que tinha de
fazer e a dado passo colocou as questões sacramentais cujas respostas são ambos
os SIM usuais e sempre tão esperados para as fotografias... até porque se segue
o tradicional beijo que sela o
contrato de confiança e jura pela protecção mútua que se espera vigore pelo
resto das vidas de cada um!
Assinaturas,
testemunhas, fotografias, papéis para a emigração (factor também omnipresente),
um brinde com champagne, os aperitivos (onde não faltaram os pastéis de
bacalhau, que aliás se esgotaram, tal foi o sucesso) e finalmente o repasto.
Durante
a refeição tocou música instrumental, à qual não faltou Carlos Paredes e
António Chainho e depois... brindou-se com vinho do Porto... outro sucesso, com
todos a perguntarem onde tinhamos arranjado esse “Ferreira”, Porto legítimo, já
que na Austrália também se produz (ilegitimamente, a meu ver), uma bebida
espirituosa a que eles chamam de Porto!
E
pronto... pelos altifalantes soaram as primeira notas de “New York, New York”
pelo saudoso Frank Sinatra e era o mote para se começar a fazer a digestão!
Eu
e a Bianca fomos os primeiros a dançar, abrimos o baile e muitos temas se
seguiram, com slows, ritmos mais anos 60, mornas de Cabo Verde (com a Cesária
Évora), umas coisas mais mexidas, Beatles à mistura, Cliff Richard, Bee Gees
(que são australianos), Percy Sledge, Ray Charles, Nat King Cole, Stevie Wonder
e o infalível Bonga, com aqueles temas angolanos que não podem falhar em festas
nossas, como o “Currumba”, “Zé Kitumba” e “Olhos Molhados”.
Ao
contrário dos outros casamentos, onde os noivos são os primeiros a sair, desta
vez, nós fomos os últimos, pois ficámos até final, despedimo-nos de todos
quantos puderam ir e ainda estivémos a arrumar os artefactos trazidos para
abrilhantar a festa, a recolher as flores que nos ofereceram e a recolher o
computador que levava toda a música previamente seleccionada.
Passámos
por casa e cerca das 20h entrámos então no ParkRoyal de Parramatta, um
formidável hotel de cinco estrelas, onde fomos gozar a nossa noite de núpcias,
aliás oferta de um dos amigos do jovem casal Arriaga.
Foi
uma data linda que nunca esqueceremos, uma festa com as nossas impressões
digitais, cheia de amor, de ternura e onde fisica, ou espiritualmente, todos os
amigos e entes familiares estiveram presentes.
Os
que puderam vir assinaram um lindíssimo Livro de Presenças que encontrámos dias
antes numa loja chinesa. O referido livro dizia na capa (em francês) – “Não
tenho medo do amanhã, porque já vi o ontem e amo o hoje”. Ambos achámos a frase
significativa para a ocasião.
Blogspot
Claro
que querem ver as fotografias e já chega de palavras e descrições bla bla
bla...
Ok,
consultem o Blogspot costumeiro e vejam as fotografias... nem todas... mas uma
parte substancial... http://cronicasaustralia.blogspot.com.au
Nas
vésperas alguém me enviou um Sms a dizer que a vida é como desenhar sem
borracha!
Achei
piada e compreendi a mensagem – os erros que se fizerem perdurarão!
A
13 de Outubro senti-me um Picasso!
Hoje
sinto-me Rembrandt! Espero que esta sensação de saber desenhar sem me enganar
se mantenha e perdure por muitos e muitos anos até final da minha vida!
Mereço
e a Bianca também merece – assim nos valham as circunstâncias e nos ajudem os
amigos e familiares, num contributo colectivo, onde mesmo que não haja
borracha, não falhem os lápis, os afiadores, o papel e a inspiração!
Darling
Harbour
Porque
o relato já vai comprido o suficiente, fica para a próxima Crónica, a 7ª, o
relato de um fabuloso passeio que démos a comemorar a 1ª semana de casados – à
jóia da corôa Sydniense, um magnífico passeio a Darling Harbour, talvez a zona
mais linda desta maravilhosa cidade tão cosmopolita e harmoniosa.
Um
destes dias conto-vos tudo. Até lá, fiquem bem e escrevam-nos a dar as vossas
impressões.
Beijos
e “soidades” destes dois saloios em Sydney,
Bianca
e
Luis Arriaga
Sydney, aos 26 de
Outubro de 2012.
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