segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRÓNICAS do Fim-do-Mundo 13 - Cheguei há um ano!

Marchas do Grupo do Frazer Park.
 - a 1ª da esquerda é a ensaiadora, chama-se Fátima,
 é algarvia da Quarteira e tem 65 anos... Nem parece..
O tempo passou a correr! Lugar comum, afinal tantas vezes repetido e que se não valoriza. Porém, eu dou um especial valor a estes doze meses que “voaram” desde o dia 5 de Agosto de 2012 e hoje, a duas semanas de fazer um ano, confesso que viria de novo, sem arrependimentos bacôcos e com a cabeça cheia de sonhos.

Vim, sabendo que ia sentir algumas saudades, mas sabendo também que vinha encontrar um novo mundo, o último reduto do paraíso na Terra! 
Foi bom, aguentei-me melhor do que supunha, obviamente também devido à preciosa ajuda da minha Bianca, porque sem ela eu teria cá estado umas semanas a fazer férias e já teria abalado de volta.

Ao longo destes primeiros doze meses escrevi muita coisa, textos dispersos, cartas, mails, recados, SMS’s, falei ao telefone, falei ao Skype, e procurei manter-me ligado a Portugal e aos amigos e informado sobre as ocorrências lusas.

Crónicas foram (com esta) TREZE! Uma média de mais de uma por mês. Um average que para um homem da minha idade, é já muito assinalável!!! (mais de uma por mês...)

Sinto que, com o passar dos meses, foi naturalmente diminuindo o interesse e a leitura das Crónicas foi escasseando, sendo que, apesar de tudo, existe um grupo de fiéis seguidores dos meus relatos, que incansavelmente espera pelas “estórias” do outro lado do planeta e assinalam calorosamente a recepção destes relatos que pretendo sejam vivos e informativos e sobretudo nos mantenham ligados.

A todos, mas em particular aos que mantêm a chama acesa, BEM HAJAM!

E assim encerro este 1º ciclo de Crónicas da Austrália.

Kevin Rudd

Quando cheguei, em Agosto de 2012, a 1º Ministro deste país (como os Estados Unidos, uma Federação de estados autónomos), era uma simpática senhora, advogada, nascida no País de Gales, vinda ainda bébé para cá, chamada Julia Guillard, dirigente do PS cá do sítio, Partido Labor. E fui-me habituando a ela e ao seu governo, ao seu estilo e cheguei até a escrever-lhe uma carta, onde, entre outras coisas, lhe recordava o facto do português ser  a 4ª língua mais falada no mundo, falada por oito nações independentes e em todos os continentes!

Uma bela noite, há três semanas atrás, ela veio à televisão explicando que ela própria tinha proposto um sufrágio interno no seu partido e que tinha sido derrotada por um outro candidato, que ganhou e passou a dirigir o partido – Kevin Rudd.

Na ocasião eu disse à Bianca, “bom... já estou a imaginar... vamos ficar sem governo um mês ou mais, e isto pode ter implicações para o rumo deste país...” ao que a Bianca muito serenamente me respondeu que não, cá isso é impossível passar-se, vais ver como é cá, coiso e tal... mas eu já batido nestas andanças políticas, fiquei desconfiado e nessa noite nem dormi bem!

No dia seguinte de manhã, o fulano que tinha ganho o sufrágio interno no Labor, Kevin Rudd (igualmente jovem e simpático, talvez melhor comunicador que a Julia Guillard), apresentou-se à Governadora e representante da Rainha de Inglaterra e tomou posse como 1º Ministro, por volta das 10h da manhã e cerca do meio-dia nomeou e fez tomar posse um novo governo.

Pura e simplesmente fiquei boqueaberto. Absolutamente amazing, inacreditável e incomum, tomando como termo de comparação os padrões portugueses!

O novo Vice-1º Ministro é um tipo que conheci no Frazer Park (o Clube português) aqui há um mês atrás – Anthony Albanese – simpático, esperto e dinâmico!

Agora já posso dizer que conheço pessoalmente o novo Vice 1º Ministro da Austrália.

Quando ele foi ao Frazer Park, fê-lo numa ocasião especial, para entregar ao Clube um subsídio de dois milhões de dollares para se renovar as bancadas e as instalações sanitárias e desenvolver a escola de soccer (o nosso futebol), desporto cuja popularidade está em crescendo aqui pela Austrália.

Já na ocasião eu fiquei impressionado porque ele (que era já ministro do governo da Julia Guillard), veio com mais uma ministra (do desporto e das comunidades – uma antiga jogadora de basquete, Kate Lundy) e cada um veio no seu carro particular, não apareceu segurança, nem polícias, não vinham com arrogância, vinham vestidos desportivamente, quando chegaram ficaram à conversa com os circunstantes e depois da cerimónia, deram uma conferência de imprensa e a seguir ficaram ambos nos copos (cervejinhas e tremoços), com os portugueses (umas centenas) que ali estavam, não se furtaram a falar com quem quis falar com eles, a todos cumprimentando, o Albanese, conhecendo alguns até os tratava pelos nomes, enfim, tudo num ambiente verdadeiramente familiar e confortável, sem gravatas, sem cerimónias e em total contraste com o que eventualmente se passaria em Portugal.

Desculpem-me a comparação, mas em Lisboa, os “cagões” do governo (independentemente de serem do PSD, CDS, ou PS), apareceriam atrasados, arrogantes, precedidos de batedores da GNR e com muita segurança à volta, demorar-se-iam o indispensável e arrancavam sem dirigirem a palavra aos circunstantes... provavelmente depois de serem aviados com a “Grândola Vila Morena”.

Como se vê pela fotografia junta... as diferenças são abissais!

De facto a Bianca já me assegurara que aqui pela Austrália as coisas eram assim e eu (embora acredite no que ela me conta), tinha dado um certo desconto e imaginei que o à vontade fosse menor...

Este país é realmente diferente de tudo o mais que se conhece por este planeta fora!


A Crise

Vou seguindo diariamente a vida de Portugal, assistindo aos noticiários empacotados pela RTP para a emigração e achei inacreditável a forma como se desenvolveu esta última crise, com a demissão do Gaspar, com a nomeação da Luisa, com a subsequente e “irrevogável” demissão do Paulo Portas (um golpe palaciano de que ele é realmente um grande especialista), e a posterior apresentação da “solução” governativa proposta pelo Passos Coelho, com o Portas afinal como Vice 1º Ministro (ele que ameaçara que a demissão era irrevogável) e quando se supunha que o Presidente da República aproveitaria a circunstância para esclarecer e terminar a crise, eis que o Cavaco Silva (que aqui se desconfia deva estar com Alzeimer... no mínimo) não diz nem que sim, nem que não, nem que nim! Bem à portuguesa, empurrou a crise com a barriga, contrariou os prognósticos que a Europa e os chefões de Bruxelas faziam já, baralhou e voltou a dar e sai de cena como quem diz “isto não é nada comigo, quero que se lixem, arranjem-se e tomem lá que a confusão é agora ainda maior”. Verdadeiramente inacreditável!

Alguns portugueses de Sydney, sabendo do meu gosto e inclinação por política até me ligaram para que eu os informasse do sentido das coisas, que eles não tinham entendido e estavam receosos. Uns quantos até vão agora de férias a Portugal... e eu não lhes consegui explicar coisa nenhuma porque de facto, a presente crise política portuguesa não faz sentido e é praticamente inenarrável! Oh valha-nos Deus! E o mais triste é que a tropa assiste a isto tudo e deixa-se estar!

Já no Egipto... o Mursi bem se pode queixar do contrário – tendo ganho eleições democráticas e legítimas, foi deposto porque uma facção do exército não o apoia! É certo que nem 8... nem 80... mas... ... ...
Agora quase se pode elaborar um sistema de apostas com prémio pecuniário para ver quem acerta no que se vai passar!

Eu apostaria em que o Passos Coelho, numa réstea de dignidade e orgulho pessoal, agora apresentasse a demissão ao PR, mas já percebi que o embaraço e a ganância são de tal ordem que ele e o Portas vão fazer de conta que nada se passou e vai tudo continuar como dantes... com o quartel em Abrantes!!! Oh i ou ai, vai de roda, oh i ou ai...

Por estas e por outras é que fora do rectângulo ninguém nos leva a sério e acham-nos um povo capaz de viver nas maiores humilhações e sem capacidade para nada! Ora pôrra senhores “óvintes”!

Presidentes de Câmara

Já agora e porque suponho venha a talhe de foice, gostaria de vos contar que por cá, os presidentes de câmara (cá chamados de Mayor – e só em Sydney e arredores são dezenas de municípios), desempenham os seus cargos pró-bónus e em part-time, sem excepções. Não há (como em Portugal) graduações de importância pelo número de habitantes, nem há “profissionais” desse cargo, nem há remunerações. O Mayor de Merrickville, por exemplo (uma edilidade onde vivem milhares de portugueses), é um sujeito emigrado da Síria, é barbeiro e todos os dias ao final da tarde está na Câmara para resolver os diversos assuntos que lhe cabem na função. Se tem de ficar noite fora... olha azar... para o próximo acto eleitoral não concorra. Talvez por isso não haja candidatos eternizados no cargo, nem agarrados ao tacho como faz a triste figura do Seara, que conheci ainda muito jovem e que me parece ser um edil incompetente e ausente, provavelmente mais interessado em discutir futebol na televisão...


Gonçalo Amaral em Sydney

Um assunto sempre presente nos noticiários das estações televisivas australianas continua a ser o desaparecimento da Maddie McCann. Volta não volta catrapimba, lá estão eles a chover no molhado.

Há dias surgiu uma proposta de se trazer à Austrália o ex-Inspector da Judiciária Gonçalo Amaral, para vir relançar aqui o seu livro “A Verdade da Mentira”, agora complementado com um posterior volume onde o ex-inspector se propõe contar o resto das verdades que ainda não vieram a público e que eu conheço bem, uma vez que, na altura em que os tribunais portugueses vergonhosamente proibiram o homem de vender os seus livros e de publicamente sustentar a tese de não ter havido rapto da criança, eu fui por ele mesmo nomeado seu porta-voz. Na ocasião, a estratégia por mim definida foi a que se deixaria a “estória” do crime para trás e se deveria atacar forte e feio no atentado à liberdade de expressão então decidido por uma jovem juiza (vinte e poucos anos de idade) que, por falta de experiência, ou por mau aconselhamento, decidira tão extemporaneamente.

Ainda um dia eu vos contarei do que sei (pelo Gonçalo Amaral) e da forma como tudo se passou. Infelizmente foi feito um teatro dos diabos pelos paizinhos da criança, que transformaram o desaparecimento da filha num carnaval e numa substancial fonte de rendimentos.

Com a possibilidade do Gonçalo Amaral vir até cá, já há quem se proponha organizar sessões de esclarecimento em diversas cidades australianas e uma ida ao célebre programa televisivo “60 Minutes”, em Melbourne. Seria interessante, embora o Gonçalo esteja obviamente a aguardar a reabertura do processo para se poder incriminar os verdadeiros responsáveis – o casal McCann! 

Banalidades e outras notícias

Entretanto, nós estamos a planear uma ida a Portugal, em férias, no Verão português de 2015, ou de 2016. Depois se vê!

Para já aguardamos a visita da mãe da Bianca, a minha sogrinha Elizabete, já não em Outubro deste ano, como inicialmente se previu, mas em Março de 2014.

As Marchas Populares no Frazer Park, tipo marchas de Lisboa, foram um sucesso e ao fim de 13 anos, a ensaiadora deixa o lugar em aberto. Está cansada e pretende ser substituída! A coisa – devo dizer – é levada a sério e envolve ensaios aturados nos três meses que antecedem a apresentação ( pelos Santos Populares).

Se alguém aí se quiser candidatar, o lugar está em aberto!

Poderão ver pelas fotografias o rigor com que a tarefa é desempenhada.

A propósito de fotos, poderão já vê-las no sítio do costume:


Sobre futebol, como já se sabe a Austrália apurou-se para a fase final do Mundial no Brasil em 2014, batendo o Iraque no jogo decisivo por 1 – 0. Por cá foi uma alegria e o povo festejou durante uma semana tal proeza, um tanto inesperada, uma vez que por aqui o rugby é que é o desporto-rei.

E pergunta a minha rude curiosidade – então e os magriços?

Portugal,com tantos craques e tanto apoio da populaça, ainda NADA? Nem acredito! Talvez valesse a pena que desta vez nos mantivéssemos afastados da competição para ver se os portugueses, ofendidos com tal destrato, se revoltam e ganham coragem para uma atitude mais pro-activa com os políticos que temos...
Vi os desenvolvimentos da Taça das Confederações, disputada no Brasil e gostei da vitória inequívoca do Brasil sobre a Espanha, já muito segura de si e cheia de tiques e arrogância. Aqueles 3 a 0 foram por demais esclarecedores e justos!

E fiquei a pensar se os reinados do Cristiano Ronaldo e do Messi não terão chegado ao fim, com a entrada em cena desse génio do futebol que é o miúdo brasileiro Neymar. O rapaz é um prodígio e vai escrever muitas páginas douradas no Barcelona.

Por falar em Brasil... a Dilma bem se pode ir aprontando para levar um chuto no traseiro! Aquele povo que todos (incluído eu) pensavam ser desinteressados de política, amorfos e pãezinhos sem sal, demonstrou, para quem quis ver, como o povão se levanta e enfrenta o exército e os policiais que atemorizados tiveram de bater em retirada. Ocuparam ruas, avenidas, edifícios, autoestradas e a sede do governo em Brasília e puseram aqueles governantes e políticos em sentido. Deram um excelente exemplo ao mundo! Pena que (mais uma vez) os portugueses nada aprendam e não os imitem... a valer!

Por cá... o Natal também é sempre que um homem quiser! (Como cantava o Paulo de Carvalho). A Bianca já me dissera que na Austrália, havia uns quantos maduros que, nostálgicos do Natal com frio, comemoravam o legítimo em Dezembro (cá, no pino do Verão), mas depois em Julho também, no pino do Inverno. E assim é de facto, em Junho comecei a escutar na televisão e na rádio, diversos anúncios de Natal, marcado para 25 de Julho, com um Pai Natal especial que vem com as suas renas à Austrália, com consoada a 24 de Julho, compras, prendas, campanhas especiais! E pronto... lá está... Natal é sempre que um homem quiser!

Feliz Natal.

Curiosamente, estudos razoavelmente recentes indicam que Jesus terá nascido na Galileia (não em Belém), mais concretamente numa terreola israelita chamada Nazareth entre 22 e 24 de Setembro e não em 24/25 de Dezembro! Eles lá sabem!

A propósito de enganos,erros e manipulações graves que a Bíblia contém, devo dizer que li recentemente um fantástico livro escrito pelo meu conterrâneo José Rodrigues dos Santos, editado pela Gradiva em 2011, com o título “O Último Segredo”, e fiquei estarrecido com a quantidade de inexactidões que constam da Bíblia, ou melhor, no Novo Testamento.

Para os que gostarem do tema aconselho vivamente a leitura de mais um precioso romance desse talentoso escritor (bem melhor que o famoso Dan Brown), que é o “orelhas d’abano” – cognome do José Rodrigues dos Santos, da RTP, entre os seus pares!

Este livro foi-me oferecido e enviado para Sydney por uma talentosa amiga minha de há muitos anos e que eu muito prezo, a Inês Leitão, uma jovem com 33 anos, escritora, ensaista e autora de diversos projectos artísticos de sucesso, que eu conheci quando ela tinha 12 ou 13 anitos e  escrevia já invulgarmente bem para a idade. Cresceu, foi sempre escrevendo, editou dois ou três livros e hoje é uma profissional de mão cheia. Está como Relações Públicas dos Irmãos da Consolata (no Tojal) e recentemente organizou uma exposição sobre a vida das “mulheres do carvão” na Costa do Marfim. A exposição decorreu em Braga.

Obrigado Inesita pela ternura e pelas atenções para comigo e que tomo a liberdade de publicamente referir e agradecer.

Por falar em religião, devo dizer que fiquei radiante com a recente nomeação de um grande amigo íntimo de há quarenta anos – o Macário – (meu companheiro de folias e estudos no Colégio Pio XII em Lisboa, quando vim de Lourenço Marques), como Cardeal de Lisboa. Aliás, mais correctamente Cardeal Patriarca de Lisboa. Faz 65 anos na próxima 3ª feira, dia 16 de Julho e é um dos mais jovens e promissores cardeais do mundo. Considerado como um dos mais brilhantes elementos do clero europeu, eu suponho que ele se possa perfilar como um sério candidato a Papa. Para mim seria uma honra ser amigo pessoal (tratamo-nos por tu) de uma destacada figura da Igreja católica. Claro que ao saber da nomeação para Cardeal de Lisboa lhe escrevi a felicitá-lo e de longe segui com emoção, a cerimónia de tomada de posse na Sé de Lisboa. Renovo as melhores saudações ao Dom Manuel Macário Clemente, com votos das maiores felicidades e que tenha sempre a força e a inspiração inerentes ao cargo.

Raposas australianas

Agora, a raposa também virou praga e há ordem para liquidá-las. Estou chateado, porque pessoalmente aprecio as raposas e acho-as criaturas adoráveis, espertas e até domesticáveis.

Abomino algumas perseguições que se organizam aqui na Austrália. Protegem e depois desprotegem! Há uma época do ano em que se autoriza a caça ao canguru. Lamento, mas discordo e preferia que se perseguissem os crocodilos, as cobras venenosas e os tubarões... {já agora.... vocês mandavam para cá o Sócrates, o Cavaco, o Portas e o Passos.... hein? Que tal?}

Hassan Rowhani

Talvez haja sinais que referenciêm que o mundo está a ficar melhor.

Renasce a esperança!

Não só no Vaticano a nomeação (ou escolha) do Papa Francisco terá trazido um raio de luz ao Ocidente, à Igreja Católica Apostólica Romana e a todos os católicos do mundo, (eu sou judeu), como a recente eleição de um novo presidente do Irão (antiga Pérsia), Dr. Hassan Rowhani, me encheu de alegria.

É um tecnocrata que o Ocidente já conhecia e respeitava, um moderado, um homem educado e inteligente, capaz de moderar a linha intransigente dos Ayatholas desse imenso país, sempre uma permanente interrogação e angústia no xadrês político internacional, sobretudo no que concerne a Israel.

Faço votos sinceros de que Hassan Rowhani traga bom senso e ajude à construção da Paz no mundo em geral e no Médio Oriente em particular.
Vejam as fotos dele – o homem até tem um ar simpático e a Bianca diz que ele é parecido (fisicamente) comigo. Deve ser da barba – um mesmo corte e estilo!

Ainda voltando à Política

Não vou falar da morte eminente de Mandela!

Achei ridículo que a RTP tivesse deslocado para a África do Sul uma equipa especial para cobrir a morte do Madiba (como carinhosamente o tratam) e afinal ele nunca mais morre e a RTP teve de desistir da morte anunciada do velho dirigente que todos estimamos e respeitamos, mas que Deus, nos seus desígnios divinos, lá entendeu que não morria agora, frustrando os intentos de uma série de televisões (entre as quais a RTP) que muito expeditamente lá estavam, quais carrascos do Mandela, para fazer aquela parte desgraçada da cobertura das exéquias fúnebres do homem que trouxe o fim do apartheid à Africa do Sul.

A certa altura comecei a pensar, bom se o Mandela não morre... e a RTP mantiver a reportagem diária à morte anunciada, ainda vai à falência e fica sem verba para outros acontecimentos internacionais. Tudo uma questão de orçamento! 

Aliás, é estranhíssimo que sendo a Austrália membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por dois anos, a RTP não tenha aqui em Sydney, em Canberra, ou em Melbourne nenhum representante e repórter, um jornalista com preparação adequada para fazer a necessária cobertura televisiva de tantos assuntos de uma agenda política, internacionalmente abrangente como a que a Austrália tem constantemente. É uma pena e não sei se é incompetência, se provincianismo!

Curiosamente (e a propósito de conhecimentos pessoais...) a actual mulher de Mandela (também ex-mulher de Samora Machel) foi minha colega no Liceu António Enes em Lourenço Marques. Dava-me bem com ela, a Graça Simbine, actualmente Graça Mandela (ex- Graça Machel) – que eu saiba, a única esposa de dois presidentes da república de dois diferentes países.

Uau!!!!!!!

Luis Carito

Por falar em gente distinta e conhecida, ligada à política, aqui foi notícia (explorada com risos e cinismo informativo) a notícia de um político português que acusado e preso alegadamente por lavagem de dinheiro e corrupção, tirou um documento comprometedor das mãos do agente da Judiciária que o fora prender e comeu o papel!

Por um lado fartei-me de rir e achei imensa graça ao gesto, imaginando a cena caricata, mas por outro fiquei irritado de uma coisa como essa ter sido motivo de chalaça que deu a volta ao planeta desprestigiando a nação!

Tanto quanto sei, o Luis Carito era vereador do PS em Portimão, de uma Câmara que tem há mais de vinte anos um presidente de câmara arrogante que conheci e que dá pelo nome de Manuel da Luz – um dos tais que agora já não vai mais habilitar-se ao tacho (por limite de mandatos) e que já se deve ter enchido o suficiente.

Por falar de Portimão, devo dizer que está actualmente em Portugal, de férias, e em Ferragudo, um grande amigo meu aqui de Sydney, o Adérito Alvo, português emigrado na Austrália há mais de trinta anos e que deverá regressar em final de Setembro. Vou procurar saber qual o telemóvel dele em Portugal para a eventualidade de alguém o querer contactar para conhecer as coordenadas... dos cangurus!

Lena Gouveia

Ela estava muito doente há já vários anos e o marido e os filhos sofriam de a ver sofrer.

Natural de Lourenço Marques, minha amiga e mulher do meu amigo íntimo João Pedro Gouveia, a Lena fora uma dedicada professora e uma mãe estremosa, uma mulher formidável, cheia de vida, alegre, companheira e uma cozinheira de apreciadíssimos petiscos.

Um deste dias, logo pela manhã, ao ligar o computador (é a 1ª coisa que faço, cerca  das 7h quando acordo) para ver se há mails, ou recados importantes, mensagens urgentes, deparei-me com um mail do comum amigo Zé Couto, meu irmão, dizendo “A nossa querida Lena já partiu para uma viagem... Quem sabe a encontraremos um dia!”

Ainda que esperasse que mais dia, menos dia esse desenlace acontecesse, custou-me.

À família enlutada, daqui envio os sentidos pêsames.

Permitam-me só acrescentar que (e eu dou importância a estes pequenos detalhes), na altura em que estava a ler o triste mail do Zé Couto sobre a “viagem” da Lena, eu tinha na aparelhagem a tocar um CD com velhos êxitos dos Shadows. Tocava na altura o tema “Adios Muchachos Compañeros de Mi Vida”! Significativa despedida.

CBS

E termino esta 13ª Crónica da Austrália, com a notícia de que finalmente vou começar a trabalhar.

É verdade! Eu supunha que, conforme todos me diziam, aprender a falar o inglês australiano, ambientar-se à terra e aos hábitos e arranjar emprego – eu contasse com ano e meio! Pois bem –exactamente a duas semanas de perfazer um ano que estou cá, vou começar a trabalhar, numa empresa de limpezas, a maior de Sydney – CBS – Cleaning Business Services!

Fica situada num bairro de Sydney, chamado Mascot, perto do local onde os portugueses aportaram em 1522 a estas paragens, um local paradisíaco chamado Botany Bay, pertíssimo do aeroporto internacional de Sydney.

Vou desempenhar uma função humilde, mas que farei com todo o empenho e que procurarei fazer com brio e competência: contactar todos os clientes da empresa (retalho, comércio, indústria, estado e serviços), sobretudo para saber se estão satisfeitos com o desempenho da CBS, quais as queixas, quais as necessidades principais, etc.

Três dias por semana, um salário baixinho e um emprego baseado na comunicação por telefone! Well... not bad... it’s the beginning! That’s it!   
  
Vá lá... mentalmente desejem-me boa sorte e no dia 16 – próxima 3ª feira – às 9h.30m da manhã de cá (meia-noite e meia do dia anterior em Lisboa) começo uma página nova no meu já longo Curriculum Vitae.
Terei muita honra em começar de baixo e ir subindo à custa do meu esforço e da competência que ponho em tudo o que faço, assim a saúde me não atraiçoe e Deus me ajude!

Tal como dizia um provérbio sul-africano: “Se o vento não sopra a favor, muda de rumo!”

Procurei as aulas e o rumo numa Universidade em Sydney, nos caminhos da Ciência Política. Até agora em vão! Ok... vou mudar de rumo! Talvez lá chegue mais tarde. Não vale a pena forçar o destino, e talvez mais valha esperar que o destino venha ter comigo.

E vocês estão de acordo com a estratégia? Excrevam e digam qualquer coisa, ok? Fico a aguardar.

Recebam, como sempre, um apertado abraço de estima e admiração, com saudade deste vosso amigo que vos não esquece,

Luis Arriaga

Sydney, aos 13 de Julho de 2013.

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